2° Congresso de Psicanálise em Cotia destacou a importância do autoconhecimento para lidar com as adversidades do mundo pós-moderno

O tema A psicanálise em um mundo contraditório foi o ponto de partida para que palestrantes e plateia mergulhassem nos assuntos da atualidade que mais afetam a saúde mental da humanidade. Este ano profissionais do Rio de Janeiro, Recife, São Paulo e interior vieram ao evento. Além do conteúdo, os congressistas interagiram com as intervenções artísticas – ilustrações, apresentação musical – que deixaram o ambiente mais acolhedor.

“O evento foi um sucesso. Temas sensíveis da atualidade foram amplamente discutidos, gerando reflexões e aprendizados. Num momento em que o espaço de escuta anda cada vez mais raro, a psicanálise é uma grande ferramenta a ser utilizada”, – afirma Kelly Occaso – Psicanalista Clínica Multidisciplinar, Organizadora do Congresso e Diretora do Espaço Asas.

A dra. Sueli Hisada – Psicóloga Doutorada pela USP com Mestrado pela PUC – abriu o evento com o tema O adolescente na pós-modernidade. Mostrou a importância dos pais e professores observarem o comportamento dos adolescentes no dia a dia. “Indiferença afetiva com a família, sem interesse para nada, ficar muito tempo trancado no quarto, agressividade, impulsividade, resistência em fazer terapia, falta ou excesso de apetite podem ser sinais de que algo não está bem”, explica a especialista.

No painel O adoecimento do indivíduo em seu ambiente de trabalho, a Psicanalista Clínica Simone Gonçalves falou da necessidade do autoconhecimento para evitar relações abusivas no ambiente de trabalho. “Nós confundimos o que fazemos com o que somos. Quando tira essa identidade ficamos perdidos. Isso explica o aumento de casos de Burnout que nasce quando permitimos uma relação abusiva”- completa Gonçalves.  

A idealização do outro foi o foco do painel Anima e Animus: o desequilíbrio nas relações contemporâneas apresentado pela Psicanalista Clínica Roberta Oliveira. Segundo a profissional, o grande desafio é equilibrar e saber usar, positivamente, as características do feminino e do masculino para melhorar as relações humanas.

Os temas racismo, corpo, violência, sexualidade, identidade de gênero foram analisados – dentro da ótica da psicanálise -, no painel Janelas para compreensão com a mediação de Kelly Occaso. Para Monik Sitton – Psicanalista e Sexóloga -, cada caso é único e é o resultado das mudanças sociais. “O psicanalista não pode olhar o novo com olhos velhos, independentemente, de concordar ou não”- completa Sitton.

No tema racismo, Caio César – Psicólogo e psicanalista estudioso das abordagens Freudianas e Lacanianas -, destacou a falta de interesse da psicanálise nesse tema. “O racismo foi o maior recalque da psicanálise no Brasil. Deixa de lado um tema que causa desconforto. A falta de um aprofundamento na cultura do povo africano deixou de trazer as pessoas pretas para psicanálise”, conclui César. 

A palestrante Tassia Borges – mestrado em Psicologia, formada em Cultura pela PUC, especialista em Psicanálise Kleiniana -, fechou o congresso com o tema Faltas e excessos – desafios da clínica frente à virtualização das relações, que destacou a essência do comportamento humano rotulado com novos nomes. “A pandemia deu uma acelerada nas coisas. Hoje temos uma nova versão e modalidade da sociedade. Os antigos comportamentos – inveja, preconceito, rejeição -, ficaram mais visíveis com as redes sociais”, afirmou Borges. O 2° Congresso de Psicanálise de São Paulo aconteceu no dia 25 de novembro na cidade de Cotia.

Sobre o Espaço Asas – Centro de Ensino para formação e especialização em psicanálise. Possui um Núcleo de Cuidado Emocional para acolhimento de pessoas que buscam autoconhecimento, através da análise individual ou vivências terapêuticas. Localizado na cidade de Cotia possui alunos e pacientes no Brasil e em outros países.
Informações: (11) 99481-9159.