Associações de Moradores: Basta de Dependência Política!

Por Fernando Confiança

Como arquiteto e urbanista com experiência em diversas cidades do Brasil, e também como presidente de uma entidade sem fins lucrativos, vejo de perto a batalha diária das Associações de Moradores (SABs). É um lamento constante: presidentes se desdobrando para manter as entidades ativas, sempre esbarrando em burocracia e falta de recursos. Confesso, essa situação me indigna profundamente.

É nesse cenário de vulnerabilidade que o político aparece, oferecendo o “apoio” que, na verdade, é um cavalo de Troia. Uma oferta que transforma a legítima gratidão do cidadão em capital político. É a velha moeda de troca, descarada, que usa a boa fé da comunidade para fins eleitoreiros.

A Hipocrisia por Trás dos Holofotes
Enquanto a máquina pública, muitas vezes, patina na incompetência e no descaso, associações se desdobram: alfabetizando adultos, montando bibliotecas, criando espaços esportivos. Uma verdadeira arquitetura social construída a partir do chão, com doações e esforço. Como podemos aceitar que iniciativas tão vitais dependam da caridade, e não do apoio público?
Essa dependência não é só um problema; é uma prisão. Projetos que poderiam transformar bairros ficam engavetados por falta de uma simples canetada de quem detém o poder. Isso não é só ineficiência; é um desrespeito com a força da organização popular.

Autonomia: O Caminho para a Dignidade
A solução é clara e, como profissional que projeta cidades, acredito nela com convicção: precisamos libertar as associações dessa submissão. É urgente que o acesso a recursos seja regulamentado por lei, assim como já acontece com a saúde e a educação. Imagine o poder das SABs se tivessem um orçamento mensal definido e garantido por lei. Não seria esmola política, mas um direito. Isso permitiria planejamento de longo prazo e daria a elas a dignidade e a autonomia que merecem.

Com verba garantida, vereadores e deputados focariam no que realmente importa: fiscalizar o Executivo e criar leis. Eles não precisariam se desviar para “comprar frango” para bingos, nem o prefeito gastaria tempo direcionando recursos para apoiadores. Isso é eficiência, é transparência.

As SABs são a espinha dorsal de nossas comunidades. Elas precisam de apoio incondicional, sem amarras. Chegou a hora de dar a elas a independência financeira que as fará voar, construindo um futuro mais justo e digno para todos em Cotia e em todo o Brasil.

Fernando Confiança no instragram.com/soufernandoconfianca