Atraso nas aulas em SP pode afetar quem passar no Enem, diz secretaria

Cerca de 190 escolas estão ocupadas em protesto contra reorganização. Não há como emitir certificado sem número de aulas, diz secretária-adjunta.

A secretária-adjunta da Educação de São Paulo, Irene Kazumi Miura, disse nesta quarta-feira (2) que a demora na reposição das aulas perdidas nas escolas ocupadas prejudica, principalmente, os alunos que estão concluindo o Ensino Médio e pretendem ir para a faculdade. “O aluno muitas vezes fez o Enem, está entrando na faculdade, se ele não terminar o ano letivo nós como secretaria não temos como emitir o certificado”, afirmou.

As escolas ocupadas em protesto contra a reorganização do ensino terão que repor aulas em janeiro de 2016 caso não termine a reposição neste mês de dezembro. Segundo balanço divulgado na terça-feira pela pasta, cerca de 190 escolas estão ocupadas. O número é inferior ao apurado pela Apeoesp -Sindicato dos Professores, que contabiliza 208 unidades paradas.

“Todas as escolas, dirigentes, diretores de escola já têm a liberdade para fazer esse plano de reposição”, disse a secretária-adjunta em evento no Palácio dos Bandeirantes, sede do governo paulista.

“Nós temos 200 dias letivos que precisam ser cumpridos. Então, o aluno precisa frequentar esses dias. Existe um trabalho pedagógico, um trabalho que está relacionado ao currículo e a relação entre o professor e o aluno”, afirmou.

Na terça (1º), o governador de São Paulo, Geraldo Alckmin, publicou um decreto que autoriza a transferência de funcionários da Secretaria da Educação de uma escola para outra dentro do programa de reestruturação da rede estadual de ensino. A reorganização é motivo de protestos desde o dia 9 de novembro.

De acordo com Irene, a reposição das aulas também pode ocorrer em espaços privados. “Pode ser realizado em outra escola estadual ou em outro lugar. Várias cidades no interior estão se mobilizando para disponibilizar locais fora da nossa rede estadual para que essas crianças terminam o ano letivo”, declarou.

O decreto do governador Geraldo Alckmin não especifica o número de professores e funcionários de apoio que deverão ser transferidos. A Secretaria da Educação divulgou que 93 escolas serão fechadas no processo de reestruturação.

Algumas escolas do interior de São Paulo já estão repondo as aulas perdidas. “Nós estamos em um trabalho intenso na secretaria para que essa reposição seja feita ainda em dezembro, ainda há tempo. Já tem cidades que já estão se mobilizando para essa reposição e a gente espera antes do Natal finalizar essas questões. Agora se não finalizar em dezembro, em janeiro terá reposição”, afirmou.

Questionada se a Secretaria da Educação perdeu o controle das manifestações, a secretária negou. “A Secretaria não perdeu o controle sobre as manifestações. A Secretaria está em um diálogo constante com os alunos e disposta a receber propostas”, destacou ela.

Após o Ministério Público pedir que o governo reveja o processo de reorganização, a pasta está revisando os estudos onde há alguma discrepância, onde a comunidade se manifestou ou que tenha alguma particularidade que possa ter passado despercebido. “A Secretaria não está no movimento de cima para baixo, muito pelo contrário, nós temos ouvido todas as manifestações da comunidade e dos pais que não se sentem confortáveis”, disse Irene.

Do G1