Entrevista: Sargento Oliveirinha e o desafio no comando da Defesa Civil de Cotia

Um dos órgãos mais importantes em uma administração pública, mas pouco valorizado na maioria dos municípios brasileiros.
Estamos falando da Defesa Civil, com profissionais capacitados para agir em momentos de crises, eventos climáticos e prevenção e solução em vários tipos de acidentes.

Em Cotia, a Defesa Civil foi criada no início deste século e, por lá, passaram comandantes de alto nível, como Capitão Itamar, o saudoso Rafael Miguel e Hintz Brandão, que comandaram suas equipes, em épocas diferentes, e auxiliando a população em momentos difíceis.

Hoje a Defesa Civil tem uma Secretaria, o que na prática, favorece na melhoria da infraestrutura da corporação. No mandato do prefeito Welington Formiga, o escolhido para a pasta foi João Batista de Oliveira, o Sargento Oliveirinha, um policial militar da reserva, que está à frente da Defesa desde janeiro.

Após sair da PM, ele encaminhou na carreira política, tendo sido candidato a vice-prefeito em 2020 e deputado em 2022.

Nesta semana o Jornal Cotia Agora foi convidado para conhecer a base da DC e batemos um longo papo com Oliveirinha, que contou sobre sua vida e o desafio de comandar esta corporação tão importante, mas que nos últimos anos vinha sendo pouco valorizada.

-Oliveirinha, conte para os leitores do Cotia Agora um pouco sobre você, sua história

Eu nasci em Cotia, mas aos 2 anos minha família se mudou para o limite da cidade com Carapicuíba, mas meu reduto sempre foi Cotia, cresci aqui, meus amigos são daqui, estudei nas escolas daqui e depois, mais pra frente, fui trabalhar de almoxarife em metalúrgica e depois bancário no Bradesco. Quando saí do banco, entrei na Polícia Militar, entre 91 e 92 e hoje sou reformado, após 33 anos na PM.

Passou o tempo e cerca de 10 anos atrás, comecei a me simpatizar com o Formiga e me aproximei dele, me tornei amigo pessoal e temos uma confiança mútua muito grande. Ajudei ele em outras campanhas e nesta última, conseguimos elegê-lo e recebi o convite para ser secretário.

-Por que a escolha em apoiar o Formiga?

Os projetos dele eram algo que batia com o que eu pensava. Eu não gostava das duas últimas administrações, eles não me representavam, mas o Formiga sim, me representa. Eu confio nele, o mesmo sonho que ele tem com a cidade, eu também tenho. Sempre conheci sobre a política da cidade e passei a conversar com ele sobre o futuro de Cotia e tenho certeza que até o final do mandato, ele vai fazer muita coisa, ele é sonhador, um sonho muito bom para a cidade e foi por isso que o abracei.

-Como foi encarar esta missão árdua de comandar a Defesa Civil, como você encontrou a Secretaria?

Quando assumi, não sabia como estava a Secretaria em termos de efetivo e estrutura. Estava muito sucateada, em matéria de efetivo, estrutura, muito bagunçado, não houve investimento no passado. Eram homens e mulheres desmotivados, sem valor nenhum. Eu gosto da coisa certa, valorizar esses profissionais, gosto da humanização, brigo pelos direitos deles e vim com essa intenção.
Nesses oito meses que estou aqui, melhorou muito, principalmente em termos da valorização de toda a equipe, de tratar eles com dignidade e respeito. Tenho pedido paciência para eles. Temos uma situação complicada que é o plano de carreira deles, que está parado desde 2006, eles não tem promoções e tenho conversado com a gestão para que isso aconteça em breve.
Outra questão é nosso efetivo, está muito baixo. Uma cidade grande como Cotia tem só 20 agentes e o ideal seria cerca de 50 agentes para dar conta de todo o trabalho nesta cidade deste tamanho.
Quando chega a época de chuva, que é mais complicado, pra uma única equipe trabalhar fica difícil e temos que pedir para quem está de folga vir trabalhar em hora extra para atender a população.
As defesas civis são reconhecidas mundialmente, pois tem amparo dos governantes e é isso o que esperamos para breve em Cotia. Nós trabalhamos em conjunto com os Bombeiros, Polícia Militar e GCM e tenho uma boa relação com as corporações. Também temos boas relações com secretarias como Obras, Meio Ambiente, Habitação, tudo trabalhando em conjunto.

-Plano de Contingência. Como está a elaboração dele?
Como que uma cidade deste tamanho nunca fez um Plano de Contingência? Tem que sair da Defesa Civil e como ninguém nunca pensou nisso? Quando assumi, foi uma das primeiras coisas que eu quis saber, se existia ou não. Daí comecei a elaborar com o pessoal, já está pronto, é complexo, mas em breve estará em vigor. O Plano é uma força-tarefa, onde temos o mapeamento das áreas de risco na cidade, com deslizamento, alagamento, etc.
Entram todas as secretarias municipais, e numa situação de emergência, eu tenho que saber o que cada uma vai poder fazer em conjunto com a Defesa Civil e conversamos com todos os secretários, que já sabem como será o Plano.
Um exemplo: se houver um acidente climático, eu tenho que saber o que a Secretaria de Educação vai poder fazer, como ceder escolas para abrigar as pessoas. Obras, vou precisar de máquinas, pessoal para ajudar, etc. Bombeiros para auxiliar em o que for necessário.
Temos que ter estrutura para atender, por exemplo, em uma situação como as chuvas e ventos de outubro de 2024, a tendência é esses eventos serem mais frequentes, por conta das mudanças climáticas e temos que estar preparados e estamos trabalhando para isso, caso aconteça de novo.

-Como é feito o monitoramento para prevenir em casos de acidentes?
Temos feito dentro do possível, monitoramento das áreas, como pedir para a Secretaria de Obras fazer o desassoreamento de rios e córregos para evitar o transbordamento, mas ainda não temos a estrutura ideal para uma ação maior. Vamos ter em breve. Hoje temos três viaturas para atender a cidade, a promessa do prefeito é, além de aumentar o efetivo, também a estrutura. O Governo do Estado nos ajuda e na próxima semana estarei na Defesa Civil Estadual para buscar equipamentos, do tipo EPI para nossas equipes.

-Há casos em que as pessoas reclamam que tem um risco de queda de árvore na casa e que chamam a Defesa Civil, mas em alguns casos, não são atendidas. Quais os casos que vocês atendem?

Estamos tendo uma agilidade maior nesses casos. As atribuições da Defesa Civil consistem em prevenir, coibir riscos e nossa área tem muita vegetação, e se há uma árvore em via pública em risco de queda, vamos ao local, fazemos a vistoria e se há risco iminente, cortamos sim, mesmo sem precisar de autorização do Meio Ambiente.
Infelizmente muitas pessoas tem uma árvore em área particular e acham que a Defesa Civil tem que ir lá retirar. É um serviço particular, e no máximo que fazemos, é orientar a pessoa e atestar que está em risco e dizer que terá que contratar um serviço particular para o corte. Não podemos fazer o serviço em área particular. Há casos em que, se há muito risco e pessoas correr riscos de morte, a gente até executa o serviço.

-Quer encerrar com alguma mensagem ao povo cotiano?
A Defesa Civil está a postos, a população de Cotia pode nos procurar, de maneira que, no que nos compete e dentro de nossas atribuições, estamos prontos para ajudar.

A Defesa Civil de Cotia está localizada na Rua Turmalina, 39, Jardim Nomura. Telefones para emergências são o 199 ou 4614-4091. Email: [email protected] – Para protocolar pedidos para a Defesa Civil é no CIT – Centro Integrado Tributário, na Rua Benedito Isaac Pires, 35, no Portão.