Quadrilha é presa em Cotia e Itapevi por aplicar o golpe do pai de santo
A Polícia Civil realizou na manhã desta quinta-feira (16) a operação Falsa Fé, uma ofensiva interestadual contra associação criminosa especializada em aplicar o golpe do falso pai de santo. Oito pessoas foram presas em Cotia, Itapevi, São Paulo e Jacareí. Uma delas era procurada por homicídio. O grupo é investigado por extorsão e associação criminosa. Um veículo e celulares foram apreendidos e contas bancárias dos investigados bloqueadas.
A investigação foi conduzida pela policia do Rio Grande do Sul com apoio da de SP e cumpriram 18 mandados de busca e apreensão.
O grupo atuava de forma organizada, utilizando perfis falsos em redes sociais para captar pessoas fragilizadas, geralmente em momentos de sofrimento emocional. A investigação revelou uma trama de manipulação psicológica, ameaças e extorsão, que levou uma mulher a perder mais de R$ 180 mil. Os criminosos se passavam por sacerdotes nas redes sociais e prometiam resultados através de rituais espirituais.
Em maio, a vítima acessou um anúncio de uma religiosa em uma rede social. Ela afirmava ter o poder de manipular relacionamentos, por meio de rituais conhecidos como amarração. Ela cobrou R$ 300 pelo trabalho. A vítima fez o pagamento, mas a falsária alegou precisar seguir com sua intervenção, exigindo mais R$ 750. Quando a vítima tentou desistir, foi informada de que o cancelamento não seria possível e que as entidades espirituais poderiam puni-la, caso interrompesse o processo, o que originou uma escalada de exigências e ameaças.
A suposta religiosa passou a pedir valores cada vez maiores, alegando que as entidades espirituais exigiam novos rituais. A criminosa ainda garantia que os valores seriam devolvidos em poucas horas após cada ritual, o que nunca aconteceu.
No dia 30 de maio, outro personagem entrou em cena: um homem que se apresentou como pai de santo, suposto chefe do terreiro. Ele passou a intimidar a vítima, dizendo que ela sofreria consequências se não realizasse os pagamentos exigidos.
Os criminosos se revezavam em mensagens e ligações, utilizando uma linguagem mística e ameaçadora. Temendo ainda ser exposta ao ex-companheiro — cujos dados os golpistas afirmavam conhecer — a vítima realizou sucessivas transferências para diferentes contas bancárias.
Os valores pagos foram destinados a diversas pessoas físicas, em diferentes instituições financeiras, somando mais de R$ 180 mil ao longo de um mês. Taxas adicionais foram exigidas, totalizando novos prejuízos.