3 em cada 4 brasileiros vão comprar menos, diz pesquisa

O medo de perder o emprego e a intenção de manter reduzido o nível de consumo no cenário pós coronavírus podem dificultar a retomada da economia.

Pesquisa da CNI (Confederação Nacional da Indústria), divulgada ontem, revela que a maioria dos brasileiros (percentual que chega a até 72%) planeja manter, na era pós-coronavírus, o nível de consumo adotado durante o isolamento, o que pode indicar que as pessoas não estão mais dispostas a retomar o mesmo patamar de compras que tinham antes.

Alguns segmentos podem ter uma volta mais acelerada. Ao todo, 46% dos brasileiros pretendem aumentar o consumo de, pelo menos, cinco itens do total de 15 testados após o fim do isolamento social.

No total, 57% pretendem aumentar o patamar de consumo de ao menos um item, enquanto 44% afirmam que não aumentarão o nível de gasto com nenhum dos itens pesquisados.

A pesquisa mostrou ainda que praticamente metade dos trabalhadores (48%) tem medo grande de perder o emprego. Somado ao percentual daqueles que têm medo médio (19%) ou pequeno (10%), o índice chega a 77%. Muitos dos entrevistados já sentiram o efeito da crise no bolso.

Poder de compra
Do total de entrevistados, 23% já perderam totalmente a renda, e outros 17% tiveram redução no ganho mensal. Isso significa dizer que quatro em cada dez brasileiros acima de 16 anos perderam poder de compra desde o início da pandemia.

O impacto na renda e o medo do desemprego levaram 77% dos consumidores a reduzirem, durante este atual período de isolamento social na maioria dos estados brasileiros, o consumo de pelo menos um de 15 produtos testados. Apenas 23% dos entrevistados não reduziram em nada suas compras, na comparação com o hábito anterior à pandemia.

Sobrevivência
“As atenções dos governos, das empresas e da sociedade devem estar voltadas, prioritariamente, para reservar vidas”, disse o presidente da CNI, Robson Braga de Andrade. “No entanto, é crucial que nos preocupemos também com a sobrevivência das empresas e com a manutenção dos empregos. É preciso estabelecer uma estratégia consistente para que, no momento oportuno, seja possível promover uma retomada segura e gradativa das atividades empresariais.”

Do Metro