Coluna de Paulo Caetano: Por que a aviação executiva cresce mesmo em momentos de crise
Mesmo em cenários econômicos turbulentos, quando a aviação comercial enfrenta retração e incertezas, a aviação executiva surpreende, cresce, se diversifica e atrai novos usuários. Esse movimento não é simples coincidência, ele reflete mudanças profundas no comportamento corporativo, no valor atribuído ao tempo e nas transformações pós-pandemia que redefiniram o modo de viajar.
A economia do tempo e o papel dos jatos leves
A aviação executiva sempre se sustentou em um argumento central: TEMPO é um dos ativos mais escassos e valiosos para empresas e profissionais de alta decisão. Mesmo antes da pandemia, o ganho de produtividade proporcionado por um “jatinho”, já justificava o investimento, ou o aluguel, em voos executivos.
Nos últimos anos, porém, essa equação se intensificou com jatos leves, turboélices e até monomotores reduzindo significativamente o custo/hora de voo em mais de 1.300 aeródromos que recebem a aviação geral, contra pouco mais de 100 atendidos pela aviação regular.
Sendo assim, acessar cidades menores sem conexões economiza horas, às vezes dias, de deslocamentos e a aviação executiva deixa de ser luxo e passa a ser infraestrutura estratégica.
Mudanças no perfil do usuário pós-pandemia
A pandemia acelerou transformações que já estavam em curso:
- Novos usuários entraram no mercado
Empresas de médio porte, profissionais liberais e grupos familiares passaram a voar executivamente pela primeira vez entre 2020 e 2022, buscando segurança sanitária e previsibilidade. Muitos descobriram o valor agregado e continuaram utilizando o serviço.
- A valorização do controle sobre a jornada
Após anos de instabilidade no transporte aéreo comercial, atrasos, cancelamentos, malha reduzida, o passageiro corporativo passou a priorizar o voo direto, horários personalizados, flexibilidade para reuniões de última hora e a redução de pernoites. E a aviação executiva oferece exatamente isso!
Mesmo com crises econômicas, o setor mantém desempenho acima da média. A frota executiva brasileira já é a segunda maior do mundo, atrás apenas dos EUA. O volume de horas voadas na aviação executiva no Brasil se mantém elevado, superando níveis pré-pandemia.
A percepção de que a aviação executiva é “luxo” perde força diante da realidade atual e o crescimento do setor não é exceção, é consequência direta do papel estratégico que a aviação executiva assumiu no mundo pós-pandemia. E tudo indica que essa tendência continuará.
*Paulo Caetano é Piloto Comercial de Avião, Especialista em Direito Aeronáutico, Pós graduado em Gerenciamento Estratégico de Pessoas, MBA em Engenharia de Perícias, Palestrante e Colunista do Jornal Cotia Agora
