A bicicleta e a Agenda 2030: Pedalando rumo a um futuro sustentável – por Manoel Lopes
O som do pneu deslizando é quase um sussurro. A cada pedalada, o mundo se mostra de forma diferente: mais calmo, mais humano, mais sustentável. Quem diria que um objeto tão simples, duas rodas conectadas por uma corrente, poderia carregar tamanha potência de transformação? A bicicleta, esse símbolo de liberdade, vai muito além de ser um mero veículo; ela é uma aliada silenciosa na construção de um futuro melhor, como nos aponta a Agenda 2030 da ONU.
Pense em uma cidade onde o ar é mais leve, onde respirar fundo é um prazer, e não uma preocupação. É assim que seria um mundo com mais bicicletas e menos motores. No cumprimento dos Objetivos do Desenvolvimento Sustentável (ODS), a bike assume papel de protagonista. Sua presença ajuda a cuidar da nossa saúde (ODS 3) nas pernas que se fortalecem, no coração que pulsa mais forte, e nos pulmões que não precisam lidar com a fumaça expelida dos escapamentos. Mas a bicicleta cuida também da saúde coletiva, reduzindo os índices de doenças respiratórias provocadas pela poluição urbana.
Enquanto pedalamos, participamos, ainda que inconscientemente, de uma revolução ecológica. O ODS 13, que nos chama para ações contra a mudança climática, tem na bicicleta uma companheira valiosa. Ela não queima combustível, não produz gases de efeito estufa e não contribui para o caos no trânsito. Apostar na bike é, antes de tudo, investir em soluções limpas para mitigar os impactos do aquecimento global.
O ciclista também é um urbanista em ação. Ao escolher pedalar, ele exige cidades mais humanas. O ODS 11 é sobre isso: cidades e comunidades sustentáveis. Quando uma metrópole decide ampliar suas ciclovias, fomentar o transporte ativo ou integrar a bicicleta ao transporte coletivo, ela está optando por mais do que infraestrutura. Está escolhendo empatia. Está cultivando espaços que priorizam as pessoas, onde o trânsito é menos barulhento, e as ruas deixam de ser meros corredores de passagem, transformando-se em locais de convivência.
Não poderia terminar esta crônica sem um agradecimento especial ao casal Jonas e Bruna, criadores do canal do YouTube Fora da Tribo. Eles estão pedalando há mais de um ano rumo ao Alasca, uma jornada que começou no Paraná, Brasil, e que já os levou ao Ushuaia, e agora passando pelo Equador. Em meio a perrengues inimagináveis, eles nos presenteiam com imagens de tirar o fôlego e inspiram milhares de pessoas com sua paixão pelo pedal e seu exemplo vivo de comprometimento com o ODS. Eu peço que os acompanhem nessa aventura pelo YouTube e os apoiem nesta missão apaixonante de pedalar por um mundo melhor.
Há, no entanto, algo ainda mais profundo nesse movimento circular que iniciamos a cada passeio. A bicicleta nos conecta com o tempo. No modo como o vento toca o rosto e na possibilidade de observar os detalhes do caminho, percebemos que sustentabilidade não é uma corrida. É uma jornada. Uma jornada coletiva em que cada pedalada move o planeta para mais perto da harmonia entre o humano e o natural.
Portanto, na próxima vez que você pegar sua bicicleta, lembre-se: você não está apenas indo ao trabalho, à escola ou até à padaria. Você está participando de uma mudança global. Você é o manifesto ambulante de um futuro melhor. Porque, no fim das contas, pedalar não é apenas um ato de deslocamento. É um ato político, ecológico e de amor por este mundo, o único que temos.
Que venham mais ciclovias, mais bicicletas nas ruas e, acima de tudo, mais pessoas pedalando rumo à Agenda 2030. O futuro, afinal, está logo ali, à distância de uma pedalada.
Pedale mais. Respire melhor. Viva plenamente.
*Manoel Lopes é autor de Na Trilha dos Deuses, livro que narra a jornada de um ciclista em busca da sustentabilidade, promovendo a conscientização ambiental e práticas mais responsáveis no cotidiano. Como escritor e colunista, se destaca em Cotia, influenciando positivamente a comunidade e promovendo uma cidade mais sustentável e conectada com questões ambientais. Escreve semanalmente no Jornal Cotia Agora.

