Coluna de espiritismo de Lúcio Cândido Rosa: Dia de Finados

O dia de finados é comemorado em muitas religiões no dia 2 de novembro. É uma data reservada, para se homenagear os entes queridos que já se foram de nosso mundo terreno.
A forma de celebração, no entanto, pode ser bastante diversificada entre uma e outra cultura.
No catolicismo por exemplo, as pessoas se reúnem para visitar seus entes queridos, rezar por eles, visitar seus túmulos, numa atitude amorosa de recolhimento, reflexão e compaixão.
Já em outras culturas, a tradição gira em torno de celebrações festivas, com comidas, com bebidas, cultos aos antepassados, etc….
Apesar das diversas origens e expressões, o significado essencial se mantém o mesmo: honrar e prestar homenagem aos mortos.
Essa data, para nós é muito associada ao catolicismo, pois o Brasil é um país essencialmente católico.
A origem de sua celebração pode ser atribuída aos astecas, que faziam homenagem aos seus deuses, entre eles, aquele conhecido como o senhor do Reino dos Mortos, Mictlantecuhtli.
Na Roma antiga, também havia comemoração e cultos reservados àqueles que já não estavam entre os vivos.
Um dos mais famosos templos, foi o de Panteão, erguido sob o comando de Marcus Agripa, para fazer reverência aos deuses, cuja data festiva, mais tarde seria apropriada e ressignificada pela igreja católica, passando a se chamar “Dia de Todos os Santos”.
O dia de finados foi uma data instituída no ano de 835 d.C., pelo Papa Gregório IV, como forma de lembrarmos daqueles que já tinham partido, e que nunca eram contemplados no rol de festividades do calendário da igreja.
A partir dessa decisão, o segundo dia do mês de novembro, tornou-se uma data universalizada e comemorada em todo o mundo.
Essa data coincidiu com as cerimônias e festividades das religiões protestantes e movimentos culturais em diversos países e etnias.
Os Espíritos nos ensinam que os desencarnados se sensibilizam, muito mais do que imaginamos, quando nos lembramos deles. Essa lembrança aumenta-lhes a felicidade, se são felizes, e se são infelizes, serve-lhes de alívio (LE, perg 320).
Kardec, ao perguntar aos Espíritos, o que eles achavam a respeito do dia da comemoração dos mortos, a resposta foi de que eles atendem ao chamado pelo pensamento, tanto nesse dia como nos demais.
Reúnem-se em maior número nessa data, porque é maior o número de pessoas que os chamam, e cada um só comparece em atenção aos seus amigos e parentes, e não pela multidão dos indiferentes ali presentes no cemitério (LE. Perg. 321 e perg.321ª).
Se eles pudessem ser visualizados, sê-lo-iam no seu aspecto natural, apresentando-se da mesma forma e com o mesmo visual pelo qual eram conhecidos em vida.
As visitas feitas aos túmulos, apenas manifestam o nosso apreço pelos entes queridos que estão ausentes; no entanto, uma prece tem um grande significado no sentido de rememoração, pois para os entes queridos desencarnados o que alegra e consola, são as preces quando são direcionadas a Deus de forma fervorosa, a favor daqueles que partiram.
Há muita satisfação da parte deles, pela lembrança e pelo reconhecimento das suas realizações em benefício da família ou da coletividade, do que honras atribuídas, às quais assistem com indiferença.
Sendo assim, o intuito do luto não é uma forma de demonstrar lembrança, respeito ou sentimento por uma separação que muitos julgam ser definitiva, e que o Espiritismo prova e comprova ser apenas transitória. Tudo isto é manifestado somente pela recordação que se guarda no recesso dos corações. Aliás, é a única forma de realmente agradar aos Espíritos que nos antecederam na transição para o mundo espiritual.
Dependendo dos sentimentos que emanamos, eles sentem-se reconhecidos por tudo o que fizemos, acompanhando seu enterro ou mesmo em quaisquer visita que for feita ao cemitério em dias comemorativos para eles.
Contudo, pelo seu grau de evolução, não são poucos aqueles que assistem ao seu próprio velório ou vão a essas visitas feitas ao cemitério, pelo conhecimento que adquiriram da vida após a morte. Outros, por desconhecimento, e por alimentarem interesses materiais, pouco ou nada entendem o que se passa.
Apesar de a preferência manifestada por certas pessoas de os visitarem aqui ou ali, os Espíritos mais elevados não se preocupam com isso, pois sabem que sua alma estará sempre ligada a quem ama, independente do lugar, mesmo que seus restos mortais estejam em sua campa.
Pode até acontecer que essas visitas aos cemitérios, onde estão os “corpos”, possam ser em vão, pois o espírito já poderá não estar lá, estando na erraticidade, encarregado de alguma tarefa de grande importância, em hospitais espirituais, em grupos socorristas, grupos de esclarecimentos ou até mesmo já estar encarnado.
Salientamos que sempre essas visitas serão de grande importância para eles.
O respeito pelos mortos não é apenas um costume, como se vê; é um dever de fraternidade, que a consciência conserva e para o qual nos alerta. Por pior que tenha sido o nosso ente querido, não temos o direito de aumentar-lhe o sofrimento com as nossas vibrações agressivas. Assim podemos fazer a nossa parte vibrando por eles, paz, amor e carinho, mandando rezar uma missa, fazendo culto aos antepassados, colocando o nome na caixinha de vibrações, etc.
A Caridade nos manda esquecer o mal e lembrarmo-nos do bem, pois só assim ajudaremos o desencarnado a superar as suas falhas e esforçar-se para evoluir.
Enviando pensamentos negativos, só poderemos prejudicá-lo, irritá-lo e até mesmo voltá-lo contra nós.
Enfim, tudo o que tiver que ser feito por eles, que seja feito com amor.
Muita paz!

*Lucio Cândido Rosa escreve sobre espiritismo e espiritualidade no Jornal Cotia Agora. Quer enviar sugestão de algum tema para que ele aborde? Envie para o email [email protected]