Coluna de Marcos Martinez (Marcão): Envelhecer
“A coisa mais moderna que existe nessa vida é envelhecer. A barba vai crescendo e os cabelos vão caindo pra cabeça aparecer. Os filhos vão crescendo e o tempo vai dizendo que agora é pra valer” – Arnaldo Antunes.
Em todos os ciclos da vida (Criança, adolescência, idade adulto e velhice), nunca imaginei que o envelhecimento seria a pior fase, principalmente em uma sociedade que valoriza a aparência e o comsumo.
Para o mercado de trabalho, depois dos cinquenta, não serve mais: Os josés e marias, com está idade não atendem os requisitos da empresa, jogam a sabedoria fora. Existe um discurso que reforça que velho é ser imprestável:”Nossa, como você está ficando velho, essas rugas e o cabelo branco, que te envelhecem.” Quem já não ouviu estas frases por aí: “Não suporto gente velha.” “Sai da frente velho, com esta lata velha” “Se não mudar seu jeito de ser, nem o asilo vai te aceitar.”Esquecem que o envelhecimento é para todos. Um corpo cansado pelo tempo não significa que a cabeça não esteja boa, cheia de sonhos e projetos. Oxalá, ainda bem, que existe resistência, contra esta tentativa insana de colocar “velhos” dentro de uma caixa fechada e isolada do mundo.
Tem “velho” fazendo fisiculturismo. Tem “velhos” que voltou à escola. Têm “velho” na direção de grandes empresas. Tem “velhos” descobrindo se profissionalmente e no amor. Tem “velhos” descobrindo sexualmente. Tem velhos com boa cabeça em todos os segmentos da sociedade. Não podemos aceitar a ideia que somos descartes como um produto inanimado, sem vida. infelizmente, temos em hospitais, filas de bancos, em casas de repouso e nas ruas , pais órfãos de filhos.
A palavra velho já está em desuso há tempo, conceitos como, idoso, terceira idade, sénior e a melhor idade: Tenta erguer a autoestima dos idosos. Velho é seu passado babaca. Risos. Termino este breve texto com uma frase usada pela minha amiga Lucia Torrezani: Só não envelhece quem morre jovem” Abaixo o Etarismo!
*Marcos Martinez é escritor e formado em História; atuou na Secretaria da Educação de Cotia de 2000 a 2008. Atualmente presta trabalho na Fundação Gentil, na elaboração e implantação de projetos educacionais para o ensino fundamental. Escreveu os livros Memória & imagem e Hospital de Cotia: um símbolo. Escreve no Jornal Cotia Agora.