Coluna de Marcos Martinez (Marcão): Êxodo
“Quando vim da minha terra, não vim, perdi-me no espaço, na ilusão de ter saído.” Carlos Drummond de Andrade.
O movimento de povos, não é um acontecimento do presente, tem o tempo da existência da civilização humana. Estes movimentos podem ser vistos em Gênesis, Êxodo, capítulos da bíblia que estão recheados de diásporas dos cristãos. O cristianismo é uma cultura religiosa entre muitas, que são perseguidas.
Diásporas, às vezes, provocadas por governos tiranos, guerras religiosas e na missão de expandir o cristianismo. É bom salientar, que a civilização humana, era no seu início nômade. Viviam em constante mudanças em busca de alimentos para o sustento e fugindo dos inimigos e da hostilidade da natureza, em constante adaptação.
Movimento imigratório e migração sempre existiu, existe uma farta literatura sobre este assunto: As cenas dos Palestinos voltando para casa, em um processo de migração, provocado por uma guerra que matou 47 mil pessoas na Faixa de Gaza, choca! Não vi em nenhuma grande mídia tratar a volta dos Palestinos para seu lugar como deveria ser tratado, o acontecido ficou no rodapé dos noticiários.
Cenas chocantes. O encontro dos irmãos gêmeos, que ficaram separados por um ano, se abraçaram em prantos. Emociona até que não tem coração. A senhora velhinha sendo empurrada em uma cadeira de roda e um chão acidentado, entristece o coração. Será que todos os Palestinos são terroristas? Será que os 11 milhões de brasileiros imigrantes que estão nos Estados Unidos são bandidos? Humilhados! Saíram do Brasil em busca do sonho americano, caminhando por rotas perigosas, acompanhados de coiotes ladrões e estupradores.
Alguns perderam a vida pelo caminho. Os Italianos, Alemães, Espanhois e japoneses quando vieram para o Brasil, no final do século XX, eram lixo, como disse o secretário do Governo Trump sobre os deportados.
O pior de tudo é que milhões de brasileiros repetem os absurdos ditos pelo Trump, sem conhecer os fatos, sem analisar, sem comparar para formar um juízo de valor próprio sobre um assunto tão sério.
*Marcos Martinez é escritor e formado em História; atuou na Secretaria da Educação de Cotia de 2000 a 2008. Atualmente presta trabalho na Fundação Gentil, na elaboração e implantação de projetos educacionais para o ensino fundamental. Escreveu os livros Memória & imagem e Hospital de Cotia: um símbolo. Escreve no Jornal Cotia Agora.