Coluna de Marcos Martinez (Marcão). Sobre ferrovia: Saudosismo
(Escrevo este texto em homenagem ao meu tio José Martins- foi ferroviário- esposo da minha saudosa tia Antonia).
Tenho visto muitas publicações sobre ferrovias e cenas de trens. Ver estas imagens e cenas de trem passando, quase lentamente aos olhos, deixa-me um certo saudosismo.
Quando saímos de Votuporanga para São Paulo, eu e minha mãe, viemos de trem. Viemos de mudança. Uma viagem de 12 horas para percorrer 534 Km. O bilhete de trem era mais em conta do que do ônibus. Quando o trem chegava na cidade de Araraquara era a metade do caminho.
Em Araraquara se trocava a locomotiva movida a lenha (Café com pão, café com pão. Risos.) com a elétrica. A modernidade estava chegando.
No chacoalho dos vagões, ia ficando uma parte da minha vida no interior de São Paulo. Uma saudade imensa dos amigos e lugares que frequentamos, ia ficando na memória. Rios, córregos e a pelada de futebol é uma lembrança.
Quem morava perto da linha de trem quando criança, ficávamos contando o número de vagões. Depois, entusiasmados um gritava, contei 70 vagões. Um outro menino exclamava: tem muito mais vagões , parece uma cobra, de tão grande. E assim a brincadeira de contar trens tomava conta do dia.
Era uma brincadeira legal. Em cidade pequena, o apito do trem alertava a todos. O trem com seus barulhos e significado fazia parte da vida dos moradores da cidade.
PS: Estação e trem tem um certo mistério
*Marcos Martinez é escritor e formado em História; atuou na Secretaria da Educação de Cotia de 2000 a 2008. Atualmente, presta trabalho na Fundação Gentil, na elaboração e implantação de projetos educacionais para o ensino fundamental. Escreveu os livros Memória & imagem e Hospital de Cotia: um símbolo. Escreve mensalmente no Jornal Cotia Agora.
