Coluna de Marcos Martinez (Professor Marcão): Roubaram o tempo….

Roubaram o tempo e ninguém neste lugar do mundo sabe dizer quem foi. Foi muito bem roubado! Roubaram sem deixar sinais aparentes. Foi um roubo planejado. Penso que quem roubou o tempo só pode estar mal intencionado. Mas, como alguém pode querer roubar o tempo? Como alguém pode querer tirar seu tempo? Não tem como esconder o tempo? O tempo e a liberdade andam juntos. Com certeza logo encontrarão esses malfeitores. Até encontrá-los esperaremos o tempo chegar? O medo de todos é que este tempo chegue transformado demais. Desconfigurado! Não dá para esperar o tempo chegar.

Imagine que estes malfeitores resolvam fragmentar o tempo. Imagine que eles queiram transformar o tempo em doze meses. A cada doze meses o tempo vai acabar? (É uma grande besteira achar que tudo muda de um dia para o outro. O tempo não permite). Então, não tem como. O tempo é ilimitado. O pior é querer transformá-lo em dias. Como? O tempo vai além de um dia. Muito mais de um dia! Maldição maior é querer transformá-lo em horas. Em segundos. Em milésimos de segundos. Viveríamos todos condicionados. Temos que evitar essa fragmentação do tempo. O tempo não termina no final de uma data determinada. Vivemos dialeticamente.

O que os ladrões do tempo não sabem é que o tempo tem vida. O tempo pulsa! O tempo chora. Cada um tem o seu tempo. O tempo é coletivo, mas é também individual. Os saqueadores do tempo não sabem disso. Quando descobrirem ficarão decepcionados. Que seu intuito de fazer sabe-se lá o que com o tempo, não é possível. O tempo é indivisível. Ninguém pode ser dono do tempo. Porque o tempo daqui é diferente do tempo de lá. São culturas diferentes. São mundos diferentes. São deuses diferentes. Antes que soframos qualquer tipo de catástrofe, peço: Quem souber quem roubou nosso tempo, peça a ele que o devolva, por favor. Não consigo viver sem ele.

Obs: Mudamos durante o tempo. Amadurecemos durante um bom tempo. Mudar de um dia para o outro não é possível, é só na aparência. Agora, mudar na essência, demanda tempo. Muito tempo…

*Marcos Martinez é escritor e formado em História; atuou na Secretaria da Educação de Cotia de 2000 a 2008. Atualmente presta trabalho na Fundação Gentil, na elaboração e implantação de projetos educacionais para o ensino fundamental. Escreveu os livros Memória & imagem e Hospital de Cotia: um símbolo. Escreve mensalmente no Jornal Cotia Agora.