Coluna de Rafael Oliveira. Jack White: “Que o Brasil consiga resolver os problemas das queimadas na Amazônia”

John Anthony White – também conhecido como Jack White é o aclamado músico, produtor e cantor americano, vencedor de 10 prêmios do Grammy Awards, considerado o 70° melhor guitarrista de todos os tempos eleito pela Revista Rolling Stones, ganhou fama mundial a frente da banda White Stripes (entre 1997 – 2011), também a frente de outros projetos musicais como Raconteurs banda que lançou dois álbuns importantes nos anos 2006 e 2008.

O fato é que este ano Jack (vocal e guitarrista) e seus companheiros Jack Lawrence (baixo), Brendan Benson (vocal e guitarrista) e Patrick Keeler (bateria) voltaram ao Raconteurs e gravaram seu novo disco depois de anos de hiato e farão seu show em São Paulo no mês de novembro no Memorial da América Latina no Festival Popload.

Em entrevista realizada por telefone, Jack reafirma seus ânimos ao falar do sucesso do novo disco, as discussões sobre Donald Trump, sua colaboração com o filme de Quentin Tarantino e sobre a Amazônia.

Abaixo segue alguns trechos da entrevista realizada pelo canal “O Globo”:

Como está a química dos Raconteurs ao vivo?

Está bem forte, energética. Por um lado, parece uma banda completamente nova, por outro, eles parecem caras com quem eu toquei a vida inteira. Temos tanta história juntos que é muito bom estar no palco, sinto que estou em boas mãos. Toda vez que começa uma canção eu sei que posso confiar neles.

O público da banda mudou nessa volta?

Sim! Em muitos dos shows que fizemos o que vi foi adolescentes e pessoas com 20 e poucos anos. Isso foi algo impressionante de se ver, poderíamos ter encontrado lá um monte de gente de meia-idade ou da idade dos membros da banda. Realmente não sabíamos o que esperar e foi uma grande surpresa.

“Help us stranger” foi o primeiro álbum dos Raconteurs a chegar ao primeiro lugar da parada americana. O que isso diz sobre a banda o estado de coisas no rock?

Em primeiro lugar, essa é uma grande vitória para o meu selo, o Third Man Records. Meus três álbuns solo também chegaram ao número um, mas numa parceria com a Columbia Records. Agora foi só Third Man. Para um selo pequeno do Tennessee, esse é um feito bem insano. Acho que isso mostra que o rock ainda é apreciado pelas pessoas. Todo ano alguém diz que o rock morreu, que os sintetizadores tomaram o lugar das guitarras… você tem essas fases. É interessante que agora, quando o rock parecia estar bem morto, um álbum de rock chegue ao primeiro lugar.

Há quem acredite que uma das músicas do novo disco, “Don’t bother me”, seja sobre o presidente dos Estados Unidos. É?

Não é, mas também não posso dizer sobre quem é. Era uma música do Brendan, que não tinha uma letra. Era uma canção agressiva e o personagem que canta ela também tinha que ser agressivo, virou um ataque. Foi legal porque a canção ficou bem poderosa.

Em recentes entrevistas, você disse não gostar sequer de mencionar o nome do presidente…

É difícil mesmo dizer esse nome, ele é tão desprezível, ele é uma doença tão horrível que temos que nos sentir envergonhados diante do mundo. Mas ano que vem com sorte ele terá ido embora e poderemos voltar às nossas vidas. Mas fica a lição do que pode acontecer quando você não está prestando atenção às coisas. É uma lição para todas as culturas: a de que essas coisas podem acontecer.

Em 2005, você se casou numa cerimônia em Manaus, no Amazonas. Como se sente hoje ao saber que a floresta está queimando em velocidade acelerada?

Sei que todo ano naturalmente a Amazônia tem um monte de queimadas, mas essas que as pessoas fazem para limpar as terras e aumentar suas fazendas me deixam muito triste. Espero que o Brasil consiga descobrir uma solução para esse problema, que consiga fazer ver a todos a importância que a floresta tem. É algo que depende de vocês.

Recentemente você e Jack Black se encontraram para colaborar musicalmente. O que pode sair daí, além dos trocadilhos?

O Tenacious D ( duo que Jack Black tem com o também comediante Kyle Gass, e que se apresenta este ano no Rock in Rio ) estava fazendo uma série sobre blues, disse que queria vir à Third Man e aí eu produzi uma canção para eles. Vai ser bem engraçado. O pessoal brincava o tempo todo com essa coincidência, na internet tinha sempre alguém que dizia que deveríamos nos encontrar. Foi bem divertido durante 15 anos, ainda bem que finalmente conseguimos.

Também recentemente você disse que os celulares seriam banidos nos shows dos Raconteurs para que as pessoas pudessem aproveitar a música.

Em todo lugar que fomos as pessoas adoraram essa experiência — Japão, Austrália, Nova Zelândia, Europa, Estados Unidos… É uma forma de obrigar todos a se engajarem no show. Não é porque eu não queira que as pessoas filmem a apresentação e joguem as gravações no YouTube. Eu não me importo com isso! O que eu me importo é se as pessoas estão prestando atenção no show. Quando elas vão ao cinema, elas desligam os telefones para ver o filme. É o que queremos que aconteça nos shows.

Nos últimos shows dos Raconteurs, algumas vezes vocês tocam “Steady, as she goes”, outras não. O que podemos esperar no Brasil, onde vocês se apresentarão pela primeira vez? Nós não temos um set list e tem sido bem legal assim. Se sentirmos que vai ser bom tocar “Steady, as she goes”, tocaremos. É a melhor coisa, para a banda e para o público. Cada show nosso é diferente do outro.

*Rafael S. de Oliveira escreve quinzenalmente sobre música e cultura no Jornal Cotia Agora. Mórmon, com Ofício de Elder e Especialista de Bem Estar – membro da Igreja de Jesus Cristo dos Santos dos Últimos Dias.
1° Secretário Executivo – O Observatório; Associação de Controle Social e Políticas Públicas de Cotia com mandato 2020/2023. Técnico em Políticas Públicas pelo PSDB (Partido da Social Democracia Brasileira), Engenheiro de Produção, Ex-gestor por 3 grandes empresas (Luft Logistics, IGO-SP e TCI BPO, Apresentador e Produtor pela Rádio Meteleco.net (Programa Garimpo)