Espiritismo com Lúcio Cândido: Justiça das Aflições

Coluna espírita de Lúcio Cândido: Justiça das Aflições

Caro Leitor
O objetivo deste tema é, para que se tenha compreensão de que todas as nossas aflições tem uma causa justa, pois derivam da justiça divina. Assim precisamos ter a paciência e a resignação, que aliviam nossas provas e reservam satisfações futuras.
Disse o Mestre Jesus nas Bem-aventuranças: “Bem-Aventurados os choram, pois que serão consolados.”
Ele não quis dizer que seríamos felizes por ficar sofrendo ou chorando a vida inteira, mas para que aprendêssemos a lidar com toda e qualquer situação, confiantes de que tudo tem uma razão de ser.
Sendo assim, não dá mais para ficarmos revoltados ou desesperados, pois agindo dessa forma, jamais iremos ter a paz interior de que Ele tanto pregava.

Para “aqueles que têm fome e sede de justiça, porque serão fartos”, não se referia àqueles injustiçados pelas desigualdades físicas, sociais e morais que existem no mundo, acreditando que todos os seus direitos foram desrespeitados sem ter quem lhes ouça, sem que possam reclamar.
Dizem que não pediram para nascer, que Deus não existe, que está lhes castigando ou ainda que foram amaldiçoados com todas as desgraças da vida, etc….

Quanto ao dizer que não pediram para nascer, pode-se dizer que estão até certos, pois nem imaginam o quanto imploraram para estar aqui, por causa do esquecimento que é necessário nessa encarnação.
Sendo assim, acreditar que Deus os está castigando, seria subestimar toda a perfeição que existe no Universo.
E finalmente dizer que foram amaldiçoados pela vida, é não saber o valor exato de uma existência.
Num mundo como o nosso, marcado pelo egoísmo e pela injustiça, lutar por uma sociedade justa e fraterna ainda é muito difícil, mas o futuro com certeza há de nos reservar muitas alegrias.

“Aos pobres de espírito, Jesus apregoou que deles seria o Reino do Céus.”
Os pobres de espírito citados aqui, não são aqueles desprovidos de bens materiais indispensáveis à sobrevivência. São aqueles que não reclamam da miséria que experimentam, mas buscam no trabalho a satisfação de suas necessidades e, na pratica do bem, veem uma oportunidade de ascensão espiritual.
Via de regra, os pobres de hoje são os ricos de ontem que não souberam utilizar as riquezas que tinham nas mãos a favor do bem e no serviço ao próximo.

Não se deve entender com tudo isso, que é preciso ser pobre para alcançar o reino de Deus, pois os ricos também são seus filhos, quando praticam a Lei de Justiça, Amor e Caridade independente de sua condição material.
O que vai definir a condição de obtermos a graça divina, é o nosso comportamento diante da vida. É o amor que dedicamos aos semelhantes, é a prática do bem na vivência do evangelho.

Há muitos pobres que são maus, como há muitos ricos que são bons.
Sofrerão aqueles que fizerem mau uso dos bens que possuem, não gerando benefícios ao próximo.
Aqueles que praticarem o bem irão desfrutar das compensações prometidas por Jesus, conforme o seu merecimento.
Isso tudo se explica, porque sendo Deus a Suprema Justiça, não permitiria que alguém sofresse sem merecer. Portanto, se sofre, é por causa justa, comprovando a preexistência do espírito que explicaria a desigualdade entre o bem e o mal existente na humanidade.

Haverá casos em que o Espírito solicitará o sofrimento, antes de reencarnar, como uma prova para sua evolução.
Assim, se sofrermos hoje e não acharmos o motivo de nosso sofrimento nesta existência, certamente a razão de nosso sofrimento poderá estar em vidas anteriores, pois Deus não permitiria sofrimento sem nenhuma razão de ser.
Nossa vida pode ser comparada a um iceberg cuja ponta que está fora da água, representa nosso presente.
A parte que fica embaixo da água e não vemos, representa o passado esquecido, pois não suportaríamos a vergonha de ver os erros que cometemos anteriormente, os ódios, rancores e remorsos que seriam barreiras para a nossa evolução. Desta forma a convivência social estaria comprometida, pois não suportaríamos conviver com pessoas que nos magoaram em determinados momentos de nossa existência ou que teríamos feito a mesma coisa com elas.
É preciso que tenhamos a resignação de aceitar o outro como ele é, e também aceitar aquilo que não podemos mudar em nós mesmos, acreditando que podemos ser felizes aqui e agora, ou no futuro se assim o quisermos, pela graça de Deus.
Muita paz a todos!

* Lucio Cândido Rosa escreve quinzenalmente sobre espiritismo e espiritualidade no Jornal Cotia Agora. Quer enviar sugestão de algum tema para que ele aborde? Envie para o email [email protected]