Lucio Cândido Rosa: A Valorização da Vida? Diga Não ao Aborto

Caro Leitor!
A princípio vamos conceituar o que é o Aborto.
Segundo o dicionário Aurélio, da Língua Portuguesa: Aborto é: A interrupção de uma gravidez pela remoção de um feto ou embrião antes de este ter a capacidade de sobreviver fora do útero.
No Livro dos Espíritos, o Codificador Allan Kardec, na questão 358 faz a seguinte pergunta aos Espíritos: –

Constitui crime a provocação do Aborto, em qualquer período de gestação?
E o Espíritos respondem – “Há crime sempre que transgredis a lei de Deus. Uma mãe, ou quem quer que seja, cometerá crime sempre que tirar a vida de uma criança antes de seu nascimento, porque impede uma alma de passar pelas provas a que serviria de instrumento o corpo que se estava formando.”
Um dos princípios da Doutrina Espírita é a reencarnação, que é um princípio da Justiça Divina.
Sendo assim, é preciso entender que a vida não começa na fecundação e nem termina com a morte, pois a alma que vai ocupar aquele corpo físico que inicia a sua construção, já preexiste a um longo tempo, tendo assim em seu roteiro várias vidas.
São feitos projetos, programas e objetivos a serem atingidos em uma nova existência, incluindo o formato do corpo perfeito ou não, a cor dos olhos, dos cabelos, do período de existência, etc….
Dessa forma esse projeto começa a ser colocado em prática depois da relação sexual onde consequentemente, o ovulo esteja fecundado.
Se tudo ocorrer em perfeito equilíbrio a criança irá nascer sem maiores problemas, principalmente se essa fecundação for programada, as consultas do pré-natal fizerem parte da rotina da futura mamãe, ela se cuidar devidamente evitando vícios de toda espécie, e quedas que poderão afetar o bom andamento da gravidez.
Por outro lado haverá gravidez indesejada, por falta de cuidado e de preparo na relação entre jovens, de estupros, deformações físicas (detectadas ainda no útero materno), síndromes como a de Down e doenças raras.
Algumas vezes a gestante se vê envolvida numa dessas situações, que possam causar desarmonia entre o casal e demais familiares, acreditando que a melhor opção é provocar o aborto, tirando aquela vida que começa a se desenvolver no útero materno.
Isso poderá causar sérios problemas para a mãe que está em gestação, que em muitos casos chega até a óbito ou ficar com sequelas.
A lei brasileira prevê o aborto em casos de estupro, de bebê com anencefalia (que não tem formação do cérebro), com deficiência grave e quando há risco de vida para mãe.
Na questão 359 do LE, encontramos a única situação aceita para o aborto: – Dado o caso que nascimento da criança pusesse em perigo a vida da mãe dela, haverá crime em sacrificar-se a primeira para salvar a segunda?
R: – “Preferível é se sacrifique o ser que ainda não existe a sacrificar-se o que já existe”
Mesmo porque essa mãe já poderia ter outros filhos para cuidar e educar e, esse Espírito terá nova chance de futuramente, retornar à vida terrena.
Ainda complementa: – questão 360 do LE – Será racional ter-se para com um feto a mesma atenção que se dispensam ao corpo de uma criança que viveu algum tempo?
R: – “Vede em tudo isso a vontade e a obra de Deus. Não trateis pois, desatenciosamente, coisas que deveis respeitar. Por que não respeitar as obras de criação, algumas vezes incompleta por vontade do Criador? Tudo ocorre segundo os seus desígnios e ninguém é chamado para ser seu juiz”.
Há um lado que ninguém vê, ou pelo menos nem imagina o que acontece, com aquele Espírito que estava se preparando para reencarnar.
Questão 375 do LE: – Que consequência tem para o Espírito o aborto?
R: – “É uma existência nula e que ele terá que recomeçar”.
Deverá guardar nova oportunidade e passar pelas provas do Departamento de Reencarnação para poder prosseguir em sua caminhada como Espírito imortal.
O Espírito se sentirá rejeitado após o aborto, e poderá reagir de duas formas:
A primeira, se for um Espírito evoluído irá dar continuidade a sua vida no mundo espiritual se preparando para uma nova oportunidade, deixando as consequências para quem as praticou.
Segundo, se for um Espírito de uma condição moral inferior, poderá se tornar um incansável cobrador da atitude tomada, levando a própria mãe a sentir grande desconforto, que algumas vezes a levará ao suicídio ou à loucura. E tudo isso só terá fim, quando se perdoarem e programarem uma nova encarnação, para a devida reparação.
É bom que se entenda que esse acerto de contas não fica restrito somente à mãe, mas também àqueles que incentivaram ou ajudaram a provocar o aborto nesta ou em outras vidas. Sendo assim existem mães que após provocarem o aborto nesta vida, ficam impedidas de ter filhos por muitas encarnações futuras, até que seu útero esteja refeito espiritualmente.
Isso pode explicar o caso de muitas mães não poderem ter filhos nesta encarnação. Contudo, cada caso é um caso e jamais devemos prejulgar, se está inserido ou não nesta situação, pois não sabemos quais são os compromissos assumidos antes de reencarnar ou quais os desígnios de Deus.
O que é preciso entender, é que quando se lesa o corpo físico, em qualquer situação, lesa-se também o corpo espiritual exigindo reparos nesta vida ou em outras.
A sociedade debate sobre relações sociais, públicas, comerciais, tornando claros os direitos e deveres que emanam dessas relações. Mas, a relação sexual, apesar da abertura para a mídia e a sociedade em geral, no seio de muitas famílias o assunto ainda é tabu, não havendo diálogo sobre isso.
A relação entre o homem e uma mulher envolve muitas responsabilidades, principalmente quando se trata de uma gravidez.
A Doutrina Espírita vem elucidar como se processa a encarnação em seus mínimos detalhes (A reencarnação de Segismundo, capítulo 13, do Livro Missionários da Luz, psicografado por Francisco C. Xavier, pelo Espírito André Luiz e outros livros sobre o assunto), o que sem dúvida nos leva a valorizar a vida em todos os sentidos, fazendo com que aproveitemos ao máximo o tempo que nos foi dado, no corpo carnal pela Divina misericórdia.
Concluindo: – Todo ser tem direito à vida. O quinto mandamento das Leis de Deus já recomenda: – Não Matarás.
As mulheres, costumam dizer que o corpo é delas e que tem direito de fazerem dele o que quiserem.
Não aceitam a gravidez, porque vão perder a forma física, porque querem trabalhar fora de casa, tem outros projetos de vida… Mas, nada é nosso. Tudo nos é dado por empréstimo, por Deus nosso Pai. Quando desencarnamos não levamos nada para a espiritualidade, a não ser o Espírito Imortal.
Nosso corpo é o envoltória que nos permite atuar no mundo físico.
Quem pratica o aborto terá que responder perante a Lei de Deus.
Tendo conhecimento ou não de que deve responder por seus atos, terá seu sofrimento graduado pela Lei de Causa e Efeito.
Quantas mães são tentadas a tirar o seu filho, por causa de estupro, de vergonha para com a família, a sociedade, porque o parceiro a abandonou, pelas deficiências físicas registradas pelo ultrassom e outras mais, sem ter ideia do resgate que acumulam com seu ato impensado.
Quantas crianças nascem, superando todas as expectativas, se tornando exemplos para as consideradas sadias!
Beethoven era surdo e tornou-se um grande gênio da música!
Na internet encontramos grandes exemplos de superação a todo momento.
Esse filho que hoje é rejeitado, poderá ser o companheiro de final de vida amanhã. Apesar de toda dificuldade acabará cuidando da mãe com o maior carinho do mundo. Pode-se agir impensadamente ou às vezes até de propósito, pela ignorância dos fatos. Mas, o importante é que tome consciência de que agiu erradamente e se arrependa disso.
Arrepender-se não quer dizer entrar em remorso profundo, que leva a pessoa à depressão e à morte.
Deus não quer que se tenha remorso. Arrependimento sim! Remorso não!
Apenas quer que se reconheça o erro, peça perdão (não importa se o outro vai perdoar ou não), fazer a sua parte e de alguma maneira reparar o erro.
No caso do aborto, em primeiro lugar, perdoar-se a si mesmo, em segundo lugar pedir perdão ao Espirito que não teve oportunidade de reencarnar, terceiro pedir perdão pelas pessoas que diretamente ou indiretamente colaboraram, e seguir em frente fazendo caridade.
Visita a orfanatos doando um pouco de seu tempo e do seu amor, cuidando de crianças abandonadas na rua, participando de projetos infantis na comunidade, aconselhando outras mães a não cometerem esse desatino. E, também a caridade material, doando enxovais para bebês, fraldas, leite, cestas básicas para as necessitadas.
Doar a elas toda sua atenção e carinho!
Finalmente, a Doutrina Espírita nos fornece o consolo e a compreensão de que somos Espíritos Imortais capacitados para enfrentar qualquer situação e que nada acontece por acaso.
Ensina-nos também que Deus jamais coloca em nossos ombros um fardo que não se possa carregar.
Algumas casas Espíritas desenvolvem trabalhos com gestantes que são obrigadas a criarem seus filhos sozinhas.
Oferecem assistências física e espiritual para facilitar sua caminhada.
Na Rua da Prata, nº 224 – Jardim Nomura – Cotia, a Associação Espírita Atitude de Amor, oferece atendimento para as gestantes através do projeto “Acalentando”.
Muita Paz a Todos!

* Lucio Cândido Rosa escreve sobre espiritismo quinzenalmente no Jornal Cotia Agora