COTIA 166 ANOS: Histórias de Roque Giannetti, por Marcos Martinez (Professor Marcão)

Roque Giannetti chegou em Cotia no ano 1938 e ganhou de seu pai, aos 16 anos, uma barbearia na cidade, onde exerceu seu oficio. O Sr. Roque, hoje com 75 anos, e como gosta de ressaltar, 75 incluindo os nove meses que ficou na barriga de sua mãe, lembra dos sessenta anos, que mora na cidade, com um bocado de saudade.

Entre tantas histórias uma chama a atenção: conta ele que um belo dia, lá pelos idos de 40, precisava ir a São Paulo para fazer compras para a sua barbearia, mas foi avisado por seu Vermelino, outro antigo morador da cidade, que naquele dia ia chover muito. Desconfiou do conselho e foi para a Capital, pois o céu estava azul, o sol brilhava e nada indicava que pudesse chover. Ao chegar próximo do atual Rancho da Pamonha, o tempo fechou e desabou o maior temporal do mundo. O ônibus encalhou e o Sr. Roque chegou a São Paulo coberto de lama. No final da tarde, chegando a Cotia, quem o estava esperando? O Sr. Vermelino, de maneira mais irônica possível, disse: – Não falei que ia chover?

O Sr. Roque, todo tímido, perguntou: – Mas, como o senhor sabia?
Vermelino, então, perguntou a Roque se ele estava vendo o galo em cima da torre da Igreja da Matriz; ele disse que, quando ele está com o rabo virado para o lado da praça, significa frio e chuva, quando ele está olhando para a praça, o dia é bonito. Quem quiser conferir, o galo ainda está no mesmo local.

Outra história interessante de Roque Giannetti é esta: ele teve que enfrentar o delegado de polícia, que na época tinha praticado algumas arbitrariedades. O delegado chamou várias pessoas para prestarem esclarecimento sobre um certo caso, nada por escrito, tudo verbalmente, e acabou com as pessoas que lá foram. O Sr. Roque, como não compareceu, recebeu uma segunda intimação, agora por escrito. Antes mesmo de o delegado começar a esculachar, ele, com o seu jeito calmo, acabou com o delegado.

*Marcos Martinez – Escritor – formado em História –, atuou na Secretaria da Educação de Cotia de 2000 a 2008. Atualmente presta trabalho na fundação Gentil na elaboração e implantação de projetos educacionais para o Ensino Fundamental. Escreveu os livros Memória &imagem e Hospital de Cotia: um símbolo. Escreve mensalmente no Jornal Cotia Agora.

Legendas das fotos:
1-Rua Senador Feijó, sendo preparada para a colocação de paralelepípedos
2-Vista da Rua Senador Feijó. Foto tirada em meados da década de 60. Ônibus da empresa Nossa Senhora da Aparecida, de Emílio Guerra. Do lado esquerdo, um Simca Chambord.