Cotia Agora abre série de entrevistas. “Gente Daqui” estreia com o empresário Guidinho Fecchio

Ele tem 56 anos, trabalha mais de 12 horas por dia e sete dias por semana. Pai de família dedicado, é um cotiano que ama a cidade e tem orgulho de ter nascido aqui.

Empresário no ramo de remoção de veículos, Guidinho Fecchio abre uma série de entrevistas que o Jornal Cotia Agora fará ao longo de 2017, com pessoas importantes da cidade, que contribuem de alguma forma para o desenvolvimento de Cotia.

Nesta entrevista, Guidinho conta sobre sua juventude, seu trabalho, o amor por Cotia e a preocupação com o destino de nossa cidade. Confira:

Cotia Agora: Guido, como foi sua juventude em Cotia, qual a lembrança que você tem desta época?

Guidinho: Já trabalhava muito na minha juventude. Meu pai tinha uma oficina mecânica, e eu trabalhava com ele. Trabalhei também nesta época em uma farmácia no centro de Cotia, do Sr. Aurélio, um dos farmacêuticos mais importantes que a cidade já teve e que muito ajudou as pessoas daqui. Aprendi muito com ele.  Depois de algum tempo resolvi montar meu próprio negócio, uma lanchonete no centro, por cerca de um ano e meio. Daí, resolvi dar continuidade aos negócios da minha família e fui trabalhar com guincho, junto com meu pai Celço, que também herdou esse ofício de meu avô Guido. É mais de 100 anos de tradição em Cotia e sou muito feliz por ter herdado esse trabalho.

Cotia Agora: E é gostar mesmo de trabalho, já que você trabalha mais de 12 horas, muitas vezes até de madrugada e nos finais de semana. Como é essa dedicação full time?

Guidinho: Não é fácil. À partir das 19h eu que atendo o telefone à noite e às vezes toca a noite inteira, passo o serviço para um funcionário de plantão e muitas vezes eu mesmo vou socorrer o cliente. Fico feliz de poder gerar empregos em Cotia. Tenho 10 motoristas e dois funcionários que me assessoram no escritório e vamos tocando, é um serviço de muita tradição e o nome da família Fecchio é sempre lembrado quando se trata de guinchos e este tipo de serviço. A tradição tem que continuar, não sei se meus filhos vão querer no futuro levar à frente a empresa, mas o importante é que a gente tenha até hoje este trabalho sério, reconhecido na região, trabalhamos com grandes empresas de seguros do Brasil. Há algumas que trabalho há mais de 25 anos e eles reconhecem a excelência do serviço prestado.

Guidinho (à esquerda) e parte de seu "time" em mais um transporte de animais para o Rancho dos Gnomos
Guidinho (à esquerda) e parte de seu “time” em mais um transporte de animais para o Rancho dos Gnomos

Cotia Agora: Fala um pouco de sua relação com Cotia, do amor que tem por ela

Guidinho: Minha relação com Cotia é forte, muito próxima, nasci nesta cidade, meu pai nasceu, meus filhos idem. Sou do tempo que a gente brincava na rua, na infância e adolescência. É uma cidade que acabou crescendo, meio que desordenadamente e a gente acabou perdendo aquela característica de cidade pequena. Talvez seja o grande problema este tipo de crescimento, sem infraestrutura necessária e hoje estamos sofrendo as consequências. Cotia é uma cidade acolhedora, que recebe as pessoas de todos os lugares, sem nenhuma distinção, estamos sempre de braços abertos.

guidinho1Cotia Agora: Você há muitos anos vem se envolvendo com a política cotiana, já presidiu partido, foi candidato a vereador e deputado. Como você analisa este momento político que Cotia vive?

Guidinho: Fui candidato a vereador novamente em 2016 e confesso a você que me decepcionei com essa eleição em todos os sentidos. Havia uma necessidade, a gente sentia junto à população que havia um desejo de mudança, mas acabou que o poder aquisitivo foi muito forte. A gente se decepciona com isso, quando se tem um propósito de trabalho para mudar o rumo da cidade, não quer dizer que tenha que comprar uma eleição, comprar voto, como houve em Cotia. As pessoas precisam acordar para uma nova realidade do Brasil. Este tipo de situação não traz benefícios para a cidade, não traz compromissos do político com a população, a cidade pode continuar, ao meu ver, e espero estar enganado, sendo má administrada. As pessoas precisam acordar para a nova realidade, a cidade precisa tomar um novo rumo. Espero que as pessoas acreditem e gostem mais da cidade, assim como eu gosto.

Ainda sobre a política, não sei se me candidatarei novamente, mas espero que as coisas mudem na cidade

Cotia Agora: Você citou sobre má administração na cidade. Que balanço você faz dos últimos anos?

Guidinho: Não quero fazer um balanço, é muito difícil. Só acho que os políticos desta cidade precisam gostar dela e os últimos administradores não tiveram compromisso com ela. Eles pagam muito alto por isso. Uma má administração, além de ser prejudicial para a cidade, reflete até nos próprios políticos. Eles precisam rever esta forma de administrar, para não reclamarem no futuro, serem vítimas do próprio sistema que criaram na cidade.

Cotia Agora: Qual o maior problema de Cotia hoje, que precisaria ser resolvido em caráter de emergência?

Guidinho: Já conversei com vários políticos da cidade, inclusive com os candidatos a prefeito. Eles precisam parar, pensar, organizar e começar tudo de novo. Acabar com este crescimento desordenado de Cotia, para que nós não soframos as consequências num futuro bem próximo.

Outro problema é de fator social. Peço aos novos administradores que pensem mais nas pessoas carentes, que a cada ano aumenta mais em Cotia e não tem o atendimento que merecem, seja na educação, na saúde, no transporte, enfim, em vários problemas que afetam de primeira a população mais necessitada.

Cotia Agora: Você vem falando já há alguns anos sobre projetos culturais para Cotia, desde a volta da fanfarra, como também as oficinas culturais para as crianças e jovens. O que vem pela frente? O que você tem articulado para isto sair do papel?

Guidinho: Eu quero em 2017 fazer um trabalho cultural. Cotia não tem projetos culturais, nada é feito, não temos nem espaço para que as pessoas tenham acesso à cultura e que os artistas, músicos, enfim, possam mostrar seus trabalhos.

Uma das minhas ideias é apoiar a volta da Fanfarra Regente Feijó. Já iniciamos uma conversa com o Edson Caetano, que é uma pessoa que vem batalhando por isso há muito tempo. É de extrema necessidade que resgatemos a tradição e história de nossa fanfarra, que obteve títulos e reconhecimento em todo o País. É uma forma de inserir jovens na música e um projeto social que é bem interessante. É preciso a união de muita gente. Eu vou conversar com amigos empresários que possam vir a ajudar neste projeto. Tem muita gente que quer ajudar.

Queremos acompanhar também e apoiar e manter a tradição da Congada de São Benedito, após a morte do Sr. Benedito. Nossa congada é reconhecida no Brasil, sempre convidada a participar de diversos eventos e queremos apoiar a família do Seu Dito para manter esta tradição para as novas gerações.

Mas, tudo envolve política e ambos os projetos precisam de apoio da prefeitura. Esperamos que ela volte a apoiar a Congada, dando toda a estrutura necessária.

Temos que começar do zero. Trazer a fanfarra, apoiar a congada, quem sabe a banda da cidade, o Projeto Guri. O trabalho existe, é preciso apoio de empresários e da administração, mas tem que ser projetos sérios, para que se possa receber apoios.

Cotia Agora: Deixe uma mensagem para os amigos cotianos para este 2017.

Guidinho: Quero aproveitar a oportunidade aqui no Jornal Cotia Agora e deixar meu abraço aos amigos, aos que me apoiaram na última eleição, temos que acreditar em um ano melhor, já que 2016 foi um ano bem complicado.

Que seja um ano próspero, que estejamos sempre próximos das pessoas que amamos, que consigamos superar as dificuldades e que as pessoas acreditem umas nas outras.