Escritor Cláudio Magalhães relembra entrevista com Eduardo Bonadia, um dos pilares do heavy metal BR

Escritor e jornalista Cláudio Alexandre Magalhães, colunista do Jornal Cotia Agora, relembra importante momento de sua carreira e do rock nacional.

Para enriquecer meu novo livro: ROCK ´N` Roll (do rock ao roll) de 2012, fiz algumas entrevistas em 2010, para que meus “heróis” estivessem presente neste trabalho. Alguns responderam, outros não.

Mas um caso em especial é de um dos pilares do heavy metal brasileiro. 10 em cada 10 headbangers conhecem este entrevistado, nada menos do que o co-fundador de uma das mais icônicas revistas de Metal do mundo, a Rock Brigade: Eduardo Bonadia.

Então aqui vai o que foi dito por ele (hoje pode soar estranho algumas perguntas/respostas, mas trata-se de uma entrevista de 9 anos atrás; a internet não tinha esta força que é hoje e os downloads eram vistos como (ainda hoje) o vilão do show business.

A Rock Brigade foi uma das principais revistas do gênero no mundo, como começou e porque houve uma interrupção nas edições, agora sem você?

Na segunda metade dos anos 70 para o final havia uma revista (SomTrês) de equipamento de som, resenhas de lps e uma seção de cartas; enviei um anuncio pra lá procurando me corresponder com fãs de rock/Metal e tive na época mais de 60 (sessenta) correspondentes dentre eles Antonio Donizetti Pirani, Roger e Roney Slemer, Roberto Jorge Cordeiro (Bob Riot) dentre outros e no inicio dos anos 80 juntamente com o Antonio tive a ideia de formar o então zine e convidamos os irmãos Slemer dentre outras pessoas e o nome do zine veio da música do Def Leppard, que se encontra no primeiro álbum da banda, “On Through the night”,  sugestão de um amigo particular meu (que também era da Brigade no início, o Ricardo Hissachi Oyama).

Como deixei a Rock Brigade como um dos co-fundadores e co-sócios em meados dos anos 80 não posso responder a segunda parte desta questão.     

Qual era a forma de contato com bandas que na época eram desconhecidas e hoje são grandes. Como recebiam o material?

Todos os contatos eram feitos por mim, que era o “International Public Relations” via carta e o material era enviado pelo correio. Chamava muito a atenção do pessoal do exterior na época por tratar-se de um zine brasileiro.

A Woodstock Discos era uma das grandes parceiras da Rock Brigade, o que realmente ocorreu? Você ainda tem contato com esse pessoal?

Parceira? Não, anunciante. Não sei o que aconteceu. A última vez que encontrei com o proprietário da Woodstock Discos (Walcir Chalas) foi nos anos 90, depois nunca mais, pois nem resido mais em São Paulo. 

Como você descreve sua passagem na revista e seu trabalho atual? O que mudou? Até onde a Internet atrapalha ou ajuda, pois nos anos 80 era muito difícil o contato com bandas, discos, vídeos… Como você encara hoje o panorama mundial da música?

Minha passagem na Rock Brigade foi uma época mágica, de muita qualidade musical, muitas excelentes bandas, gravadoras independentes; os anos 80 foram inesquecíveis e nunca mais igualados. Na época da Rock Brigade, quando se tornou uma revista havia muito “rabo preso” com gravadoras nacionais, anunciantes, etc. No meu trabalho sempre fui honesto 100% e peço a todos que compõem a Stryke que sejam também, não temos rabo preso com ninguém, somos como já disse: sinceros e honestos em nossas matérias e avaliações; isso é que mudou. A Internet veio para ajudar em muito, de contatos com bandas, gravadoras, empresários até a divulgação do seu próprio trabalho. A Stryke cresceu muito depois do advento da internet, primeiramente graças ao próprio site, depois orkut, myspace e youtube (hoje tenho certeza que se inclui o Facebook, WhatsApp, Instagram, Twiter).

Nos anos 80 eram muitas bandas surgindo, Running Wild, Razor, Living Death, Manowar, Helloween, Chariot, Venom, Metallica… Como faziam para estarem sempre atualizados?

Contatos via correios quase que diários; além de que recebíamos várias publicações do exterior, desde zines à grandes revistas… O nome começou a ficar forte entre as bandas, na época desconhecidas e eles queriam ter uma nota, pequena que fosse, mas era algo grande para essas bandas.

Você é contra ou a favor dos downloads? Você acha que é a mesma coisa das trocas de fitas K7 que existia nos anos 80?

Sou COMPLETAMENTE CONTRA. Não é! Naquela época a coisa era feita numa proporção muiiiiiiito menor além de que o preço dos importados era MUIIITO alto, mas o pessoal preferia era ter a “bolacha” do que uma simples fita k-7 . O download veio para destroçar as vendas e muitos artistas não conseguem mais sobreviver da venda de cds, muitos têm que ter um emprego para se manter além da música. Download prá mim é pirataria. Eu quando baixo “álbuns” é para conhecer, mas logo depois vou atrás do original. Agora tem muita gente que faz isso por fazer e não compra os originais, isso tem destruído a carreira de muitos artistas e bandas.      

O que você tem de orgulho e tristeza de ter feito, ou não faria de novo?

Orgulho de ser o co-fundador da Rock Brigade e fazer parte da história da música pesada neste País; tristeza: de ver a Rock Brigade dos anos 90 para cá decaindo e decaindo…. Não faria de novo: não me lembro rsssss.

BONADIA FEST

 Para os amantes do rock pesado dia 2 de junho de 2019 acontecerá um evento beneficente para que nosso amigo Eduardo Bonadia se mantenha firme na luta contra um câncer no pâncreas, diagnosticado há não muito tempo.

Todos nós sabemos o quão essa doença é desgastante tanto psicologicamente quanto financeiramente.

Os valores dos ingressos, assim como doações na hora irão todos eles para o tratamento do Eduardo.

As bandas Anthares, Ajna, Salário Mínimo, Pastore, Virus, Wolfheart, Living Metal, Zenit, Brave, Triaca, Cozinha dos Infernos, Lecher, Megaforce, Sweet Danger e Makinária Rock farão as honras deste importante dia.

Ingressos R$ 20,00

Local: C.I.A.M. Rua Xiririca, 237 Vila Carrão São Paulo

Foto principal: Liz Silva