Justiça decreta prisão de 54 suspeitos de envolvimento com PCC

A Justiça decretou a prisão preventiva de 54 pessoas envolvidas com a facção criminosa que atua dentro e fora dos presídios. Entre os suspeitos, 39 são os advogados presos na semana passada na Operação Ethos e o Luís Carlos dos Santos, do Conselho de Direitos Humanos e morador de Cotia . Todos vão ficar na cadeia até o julgamento. 
 
O relatório final da investigação tem 1.169 páginas. O documento, entregue na manhã desta quinta-feira (1º) à Justiça em Presidente Venceslau, na região oeste do estado, traz detalhes de como funcionava a chamada “sintonia dos gravatas” -o braço jurídico do Primeiro Comando da Capital (PCC). 
 
A polícia diz que eles agiam como “pombos-correios”, trocando informações entre os bandidos que estão dentro e os que estão fora da prisão. 
 
Na casa de um deles, os investigadores encontraram uma espécie de contrato, escrito a mão, no qual a organização criminosa detalhava o trabalho que os advogados deveriam fazer, quanto eles ganhariam e até as punições caso não fossem batidas as metas: a mais leve, um puxão de orelha e a mais grave, demissão compulsória. 
 
No período de experiência, o salário de cada advogado era de R$ 3 mil. Depois, subia para R$ 5 mil e havia bônus de R$ 1 mil pelo desempenho deles. 
 
Os investigadores dizem que Luiz Carlos dos Santos, vice-presidente do Condepe – Conselho Estadual de Defesa dos Direitos da Pessoa Humana, que também foi preso pela Operação Ethos, tinha uma outra função: a de divulgar falsas denúncias contra a polícia e usar o nome do Condepe para a “construção fraudulenta de um pedido de instauração de processo contra o estado brasileiro perante organismo internacionais”. 
 
luis-carlos1Luiz Carlos confessou a participação no esquema, mas alegou ter sido ameaçado a mando de uma advogada. “Um motoqueiro mostrou as fotos. ‘Você conhece essas crianças?’, eu falei: ‘Conheço, são meus filhos. Ele falou: ‘Então pensa bem, cara, na proposta da doutora'”, relatou à polícia. 
 
Além dos advogados e do agora ex-representante do Condepe, a Justiça decretou a prisão preventiva de 14 chefes da facção criminosa, que já cumprem pena na penitenciária de segurança máxima de Presidente Venceslau. Com isso eles estão sujeitos a punições. Uma delas é a transferência para o Regime Disciplinar Diferenciado (RDD), onde os presos ficam isolados e só podem sair da cela duas horas por dia. 
 
Os advogados presos na semana passada estão numa penitenciária em Presidente Venceslau, a mesma cidade onde os chefes da quadrilha estão, mas em outra penitenciária. As advogadas presas foram para Tupi Paulista, na mesma região. 
 
Do G1