Marcos Martinez (Marcão): Mãe é pau para toda obra – parte 3

Maria José tenta, pisar com certa segurança na escada rolante da Rodoviária de São Paulo, apesar dos braços ocupados por sacolas e malas. Em uma das mãos, segura Cristina, na outra mão, arrasta Pedro, seu segundogênito. Maria José, depois de anos morando em São Paulo, era a própria tristeza, retornava ao Rio Grande do Sul, onde nasceu. Alguns transeuntes sensibilizados, vendo sua dificuldade, ajudaram-a a chegar em um banco para acomodá-la.
Quando acomodou-se no banco de madeira da Rodoviária, um senhor prestimoso se aproximou e puxou conversa. Passado um tempo, María pediu para o senhor, que nem o nome sabia e mal conhecia, para cuidar das malas e das crianças. Só um minuto meu senhor. Questão minutos, voltou do banheiro e não encontrou o senhor, e nem seu filho. O desespero tomou conta, aos gritos procurava e perguntava às pessoas, que embarcavam ou desembarcavam na Rodoviária, sem sucesso. Achar o filho tornou-se uma obsessão, Maria, nunca desistiu de procurá-lo.
Anos depois: Maria José, encontrou seu filho, abraçou-o como se ainda fosse pequenino. Neste dia, Cristina, tirou dos ombros a culpa que carregava por não ter cuidado direito do irmão. Apesar da mãe nunca ter dito nada ou responsabilizá-la pelo desaparecimento de Pedro.

*Marcos Martinez é escritor e formado em História; atuou na Secretaria da Educação de Cotia de 2000 a 2008. Atualmente, presta trabalho na Fundação Gentil, na elaboração e implantação de projetos educacionais para o ensino fundamental. Escreveu os livros Memória & imagem e Hospital de Cotia: um símbolo. Escreve mensalmente no Jornal Cotia Agora.