Palestra de presidente do Ciesp em Cotia abordou crescimento de cidades médias

O aumento da urbanização mundial, o crescimento das cidades médias em comparação com as metrópoles, novos modelos de ocupação das cidades e a alta demanda por espaços verdes e de lazer foram alguns dos temas abordados pela palestra “Macrotendências Mundiais até 2040” , ministrada na manhã de quinta (5), em Cotia, pelo presidente do Ciesp (Centro das Indústrias do Estado de São Paulo), Rafael Cervone.

Cerca de 80 lideranças empresariais, políticas e econômicas da região de Cotia participaram do evento. A apresentação de Cervone é pautada no cruzamento de mais de 300 bancos de dados do Ciesp e da Fiesp analisados por ferramentas de Inteligência Artificial. Rafael abordou oito temas ao todo: saúde, infraestrutura, trabalho e qualificação, alimentação, urbanização, segurança, energia, perfil do consumidor e entretenimento e turismo.

Urbanização

O tema da urbanização foi um dos destaques. De acordo com dados do último censo do IBGE, por exemplo, Cotia teve um crescimento populacional de 36,04%, muito acima da média do Estado, que foi de 7,65%. A cidade tem hoje 273 mil habitantes e fica a 34 quilômetros da capital. “A qualidade de vida nas metrópoles está cada vez mais difícil. Nós perdemos cada vez mais tempo com logística e transporte, tem a questão da segurança e, por fim, a covid ainda trouxe uma sensação de aprisionamento. Depois disso, a qualidade de vida ganhou muita relevância e as pessoas, realmente, repensaram suas vidas. Quando mudam para o interior, ganham em tempo e qualidade de vida. O tempo que se perde no carro ou no ônibus se transforma numa academia, numa caminhada, em contato com a natureza”, disse Cervone.

De acordo com ele, cidades com qualidade de vida também se tornaram interessantes para as indústrias. Ele cita, como outra consequência da pandemia a queda na qualidade da saúde mental, com graves problemas como depressão e ansiedade. Para ele, cidades com mais qualidade de vida propiciam melhor saúde mental, o que impacta na saúde geral das pessoas e, indiretamente, até na produtividade.

Cervone apontou ainda para a tendência à habitações de baixo custo, tecnificação da construção, sistemas modulares de construção, transporte individual e coletivo autônomo e interconectado, crescimento do transporte não motorizado, maior diversidade dos modais de transporte urbano, aumento da eficiência energética e uso da logística reversa.

Oportunidades e gargalos

O diretor do Ciesp de Cotia, Carlos Del Nero Neto, disse que em relação ao tema da urbanização, a região de Cotia tem várias oportunidades, mas também gargalos. De acordo com ele, o próprio Ciesp, reconhecendo o crescimento populacional rápido, tem feito parcerias com a prefeitura, com órgãos de segurança e até de meio ambiente para que a região continue sendo uma área interessante para investimentos. O Ciesp de Cotia responde também pelas cidades de Araçariguama, Embu, São Roque, Taboão da Serra e Vargem Grande Paulista.

O secretário de Indústria e Comércio de Cotia, Fernando Jão, afirmou que é um “desafio” evitar o crescimento desordenado. De acordo com ele, Cotia, por exemplo, saiu de 16ª para 4ª cidade com maior empregabilidade no estado, de acordo com dados do Caged (Cadastro Geral de Empregados e Desempregados). Em sua avaliação, toda vez que uma nova indústria se instala, a cidade precisa estar preparada para ter um incremento na população. De acordo com ele, alguns aspectos funcionam bem, mas outros exigem uma sinergia entre várias frentes. “É um desafio muito grande porque a cidade é um ser vivo e muitas vezes cresce além daquilo que a gente espera”, disse Libman. O secretário contou que Cotia tem sido sondada por uma nova indústria, com cerca de quatro mil funcionários.