Psicóloga Ana Paula Durães estreia coluna: Relação entre pais e filhos

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Criar um filho não é tarefa fácil. Muitas vezes parece mais prático e viável simplesmente reagir, cedendo a birras e má-criações. Em outros momentos, ainda, a exigência associada ao excesso de regras e limites parece ser o caminho mais seguro para garantir que um filho seja da maneira como os pais gostariam que eles fossem. Já a superproteção pode contribuir para a formação de uma pessoa frágil e insegura, pois ensinamos à criança que não é ou será capaz de fazer por si mesma e de se cuidar, que alguém sempre terá que fazer por ela. Assim, as queixas mais frequentemente trazidas pelos pais que procuram uma orientação se relacionam às dificuldades de impor regras e limites, além da dúvida a respeito de como proceder para ensinar aos filhos maneiras adequadas deles agirem nas mais diversas situações. (Marinho, 2001; Mercaldi, 2009)

filhos1Devemos ter em conta alguns conselhos básicos:

ESTABELEÇA REGRAS CLARAS – Muitos problemas ocorrem por que as crianças não sabem qual é o limite, quanto tempo podem usar o computador ou assistir à TV, o que podem ou não comer antes das refeições, até que horas podem brincar na rua. Sem essas regras, todos os dias veremos aquela mãe gritando pela mesma coisa! Sente-se com a criança, estabeleça horários para as atividades, deixe bem claro o que pode ou não ser feito, o que não será tolerado. O Ideal é que estas regras sejam discutidas e apresentadas de forma tranquila, explicando que um “jogo de futebol” possui regras, e na casa também. Lembre-o que quando um jogador não cumpre a regra, pode ser punido com falta, cartão amarelo ou vermelho e que o mesmo será aplicado ali. As regras podem ser escritas e colocadas na geladeira ou em um local onde todos possam ver e consultar.

CASTIGOS – Os castigos devem ser aplicados no exato momento em que ocorrer o mau comportamento. De preferência, a criança deve ser informada antes que o incidente ocorra qual comportamento não será tolerado e qual será o castigo a ser aplicado. Os castigos devem ser rápidos, porem eficazes e devem ser cumpridos sempre. Não dê castigos como um mês sem internet ou cinco semanas sem poder brincar na rua. Mais eficaz será se forem coisas que você possa manter como “um dia sem internet” ou hoje não poderá brincar na rua. Para crianças pequenas, o “cantinho do pensamento” é um ótimo castigo. Colocar a criança em uma cadeira, sentada durante algum tempo (é recomendável um minuto para cada ano de idade da criança) em silencio para pensar no que fez. Lembre-se que antes de tirar a criança de qualquer castigo de pergunta-se se compreende o motivo que a levou ao castigo para ter certeza de que aprendeu.

RECOMPENSAS – Tanto as punições como as recompensas são importantes para motivar a criança a agir corretamente, aprender a lidar com as frustrações, a serem educados e a cumprirem regras. Vale lembrar que as recompensas são até quatro vezes mais eficazes que as punições. Isso por que a recompensa produz efeitos positivos e reforçam o comportamento aceitável. Não é preciso grandes recompensas como prometer uma bicicleta ou um videogame. Pode ser mais uma hora brincando na Rua, deixar dormir uma hora mais tarde. Pode-se também criar uma tabela de pontos, onde cada “bom comportamento” recebe “um ponto” por exemplo, e quando se chegar a 5, ele ganhe um Gibi, um brinquedo que tanto queria, o passeio ao zoológico ou ao cinema. Bom não deixar a criança esperar demais para não desmotiva-la. Criar uma tabela de pontos onde após 10.000 pontos ele ganha uma Bicicleta poderá ter um efeito desestimulante. Crianças problemáticas, como TDAH, Asperger, obsessivas, desafiadoras entre outras podem necessitar de técnicas mais complexas e de ajuda profissional. E não esqueçam de ter empatia, procurar se colocar no lugar da criança. Comentem sempre que possível como era para você quando estava na mesma situação. Dizer a ela que também ficava irritada quando era pequena e sua mãe não a deixava ir a algumas festas, mas que não está deixando por que o local é perigoso é muito melhor do que dizer “não por que não”.

Referência:

MARINHO, M. L. (2001) Comportamento Infantil Anti-Social: Programa de Intervenção Junto à Família. In KERBAWY, R. R. e WIELENSKA, R. C.(org.) Sobre Comportamento e Cognição – Vol. 4 (p. 204-212).

*Ana Paula Durães Pereira (CRP 06/131987) é psicóloga e escreve quinzenalmente no Jornal Cotia Agora. Atendimento em psicologia cognitivo comportamental, de segunda a sábado. Consultório: Avenida Eid Mansur, 811 – piso superior – Parque São Jorge, Cotia. Telefones: (11) 9-8259-8254 (Tim), 2690-2477, 4703-4466