Psicóloga Daniela Coutinho: Por que repetimos os mesmos erros nos relacionamentos?

Você já se pegou dizendo “nunca mais vou me envolver com alguém assim”… e, tempos depois, está exatamente na mesma situação, com uma pessoa parecida, vivendo os mesmos conflitos? Isso é mais comum do que parece — e não tem nada a ver com azar no amor.
Repetir padrões nos relacionamentos costuma ser um sinal de que algo dentro de nós ainda não foi compreendido ou elaborado. Muitas vezes, não se trata de uma escolha consciente, mas de um movimento automático, como se estivéssemos tentando, de novo e de novo, consertar algo que ficou mal resolvido lá atrás.

A Terapia dos Esquemas, uma abordagem que amplia a visão da Terapia Cognitivo Comportamental, explica que todos nós carregamos “esquemas” emocionais — padrões de pensamento, emoção e comportamento que se formaram na infância e continuam nos influenciando na vida adulta. Quando esses esquemas são ativados, podemos agir de formas que nos prejudicam, mesmo sem perceber.

Por exemplo: uma pessoa que cresceu se sentindo invisível ou rejeitada pode acabar se envolvendo com parceiros que a fazem reviver exatamente essa dor. É como se ela estivesse inconscientemente tentando “corrigir o passado”, buscando, no presente, o amor ou a atenção que não recebeu antes. O problema é que, nessa tentativa, muitas vezes ela aceita migalhas, ignora sinais de desrespeito ou permanece em relações que a fazem se sentir mal.

Além disso, existe a crença ilusória de que “da próxima vez vai ser diferente” — e pode até ser. Mas, para isso, é preciso fazer um movimento interno de autoconhecimento. Enquanto não olhamos com mais profundidade para o que nos atrai, para os medos que nos guiam e para as carências que nos dominam, continuaremos atraindo o mesmo tipo de história com personagens diferentes.

A boa notícia é que esses padrões podem ser transformados. Quando começamos a perceber nossos esquemas, nossos gatilhos emocionais e nossas escolhas automáticas, passamos a ter mais liberdade para construir relações saudáveis e conscientes. Não se trata de “culpar o passado”, mas de entender como ele ainda influencia o presente — e, a partir disso, fazer novas escolhas.

Relações afetivas têm o poder de revelar nossas feridas mais profundas, mas também são oportunidades de cura. E esse processo começa quando temos coragem de parar, refletir e cuidar da nossa história emocional.

Coloco-me à disposição para ajudá-lo a enfrentar e gerenciar os desafios relacionados a ansiedade outras questões de saúde mental.

*Daniela Coutinho (CRP 06/173583) escreve no Jornal Cotia Agora. Contatos: www.psicologadanielacoutinho.com.br – Instagram @psicologadanielacoutinho – WhatsApp 9-4164-0397.