Psicóloga Daniela Coutinho. Saúde mental das mães: entre o amor e o esgotamento

Ser mãe é maravilhoso — mas também pode ser exaustivo. E está tudo bem admitir isso.

A maternidade é frequentemente retratada como uma experiência cheia de amor, conexão e realização. Mas, por trás das fotos sorridentes e momentos de ternura, muitas mães vivem em silêncio uma rotina marcada pela sobrecarga emocional, culpa e exaustão. Falar sobre a saúde mental das mães não é apenas importante — é urgente.

O peso da “mãe perfeita”

Na prática clínica, observo que muitas mulheres chegam ao consultório sentindo que estão falhando. Tentam ser mães presentes, profissionais competentes, manter a casa em ordem e ainda cuidar de si. Essa cobrança, muitas vezes interna, é alimentada por crenças disfuncionais como:

• “Tenho que dar conta de tudo sozinha.”
• “Se eu reclamar, é porque não sou uma boa mãe.”
• “Meus filhos sempre têm que estar felizes.”

Esses pensamentos, analisados sob a ótica da Terapia Cognitivo-Comportamental (TCC), funcionam como filtros mentais que distorcem a realidade e aumentam o sofrimento. A TCC nos mostra que não é o fato em si que gera o sofrimento, mas a forma como o interpretamos.

A exaustão emocional existe — e não é fraqueza

A sobrecarga não se limita à parte física: noites mal dormidas, tarefas acumuladas e ausência de pausas afetam diretamente o funcionamento emocional. Algumas mães relatam
irritabilidade constante, choro fácil, dificuldade de concentração ou sensação de “não ser mais quem eram antes”.

Esses sinais não devem ser ignorados. A TCC ajuda a identificar esses sintomas, compreender suas origens e, principalmente, reestruturar pensamentos autocríticos que mantêm o ciclo de esgotamento.

Como cuidar da saúde mental materna?

Aqui estão algumas estratégias simples, baseadas na TCC, que podem ajudar:

• Questione pensamentos automáticos: Quando pensar “sou uma péssima mãe”, pergunte-se: “Qual é a evidência real disso?” ou “O que eu diria a uma amiga que pensasse assim?”
• Permita-se pedir ajuda: Delegar tarefas não é sinal de fraqueza. Você não precisa dar conta de tudo sozinha.
• Pratique a autocompaixão: Em vez de se criticar, reconheça seu esforço. A maternidade é desafiadora, e errar faz parte do processo.
• Reserve momentos para você: Mesmo que curtos, pequenos rituais diários de autocuidado ajudam a recarregar a energia emocional.

• Busque apoio profissional: A terapia é um espaço seguro para elaborar sentimentos e resgatar o equilíbrio emocional.

Você importa também

Ser mãe não significa se anular. Uma mãe emocionalmente saudável consegue oferecer presença real, e não apenas disponibilidade física. Cuidar de si mesma é também um ato de amor pelos seus filhos.

Se você é mãe e se identificou com esse texto, saiba: você não está sozinha, e não precisa enfrentar tudo calada. Falar sobre saúde mental materna é também uma forma de romper o silêncio que adoece — e abrir espaço para o acolhimento que cura.

Coloco-me à disposição para ajudá-lo a enfrentar e gerenciar os desafios relacionados a maternidade outras questões de saúde mental.

*Daniela Coutinho (CRP 06/173583) escreve no Jornal Cotia Agora. Contatos: www.psicologadanielacoutinho.com.br – Instagram @psicologadanielacoutinho – WhatsApp 9-4164-0397.