Templo Zu Lai, em Cotia, deve ser declarado Patrimônio Cultural Imaterial do Estado

O Templo Zu Lai, que fica na Estrada Fernando Nobre, em Cotia, pode se tornar Patrimônio Cultural Imaterial do Estado.

Um Projeto de Lei do deputado estadual cotiano Márcio Camargo (PSDB) pede a honraria para o Templo Zu Lai. O PL 322/2018 está em tramitação na Assembleia Legislativa e deve ser aprovado antes do recesso parlamentar de julho.

O que é Patrimônio Imaterial

A Constituição Federal de 1988, em seus artigos 215 e 216, ampliou a noção de patrimônio cultural ao reconhecer a existência de bens culturais de natureza material e imaterial e, também, ao estabelecer outras formas de preservação – como o Registro e o Inventário – além do Tombamento, instituído pelo Decreto-Lei nº. 25, de 30/11/1937, que é adequado, principalmente, à proteção de edificações, paisagens e conjuntos históricos urbanos. Os Bens Culturais de Natureza Imaterial dizem respeito àquelas práticas e domínios da vida social que se manifestam em saberes, ofícios e modos de fazer; celebrações; formas de expressão cênicas, plásticas, musicais ou lúdicas; e nos lugares (como mercados, feiras e santuários que abrigam práticas culturais coletivas).

Nesses artigos da Constituição, reconhece-se a inclusão, no patrimônio a ser preservado pelo Estado em parceria com a sociedade, dos bens culturais que sejam referências dos diferentes grupos formadores da sociedade brasileira. O Patrimônio Cultural Imaterial é transmitido de geração a geração, constantemente recriado pelas comunidades e grupos em função de seu ambiente, de sua interação com a natureza e de sua história, gerando um sentimento de identidade e continuidade, contribuindo para promover o respeito à diversidade cultural e à criatividade humana. É apropriado por indivíduos e grupos sociais como importantes elementos de sua identidade

A Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco) define como Patrimônio Cultural Imaterial “as práticas, representações, expressões, conhecimentos e técnicas – com os instrumentos, objetos, artefatos e lugares culturais que lhes são associados – que as comunidades, os grupos e, em alguns casos os indivíduos, reconhecem como parte integrante de seu patrimônio cultural.” Esta definição está de acordo com a Convenção da Unesco para a Salvaguarda do Patrimônio Cultural Imaterial, ratificada pelo Brasil em março de 2006.

Histórico do Templo Zu Lai

O Templo Zu Lai, situado em Cotia na região metropolitana de São Paulo, é o primeiro templo do Monastério Fo Guang Shan na América Latina.

Em abril de 1992, o Venerável Mestre Hsing Yün fora convidado para oficiar a consagração do Templo Budista Kuan Yin, em São Paulo ocasião na qual estavam presentes à cerimônia, o senhor e a senhora Chang, generosos discípulos, que se encheram de alegria ao ouvir as palavras de Darma do Venerável Mestre. Repetindo o gesto do nobre Anathapindika, o casal Chang doou o sítio da família que deu lugar ao templo denominado Zu Lai pelo Venerável Mestre. Na mesma oportunidade o Venerável então instituiu, também, a sede da Associação Internacional Luz de Buda (Blia) cujo primeiro presidente foi o upasaka senhor Shih Tze Lin. Dentre a comitiva de monges que acompanhavam o Venerável Mestre, a Reverenda Jue Cheng (Mestra Sinceridade), ficou incumbida de aqui permanecer para propagar o Darma.

Ao ser criado, o Templo Zu Lai mantém a tradição de realizar regularmente as práticas e cerimônias das Escolas de pensamento budista Chan e Terra Pura, oficiando cerimônias de “Oito Preceitos” e retiros de meditação. Orientada pelos preceitos do Budismo Humanista, a ações que o Templo Zu Lai e a entidade Blia empreendem, desde a época de sua criação, baseiam-se em quatro pilares estabelecidos pelo “Venerável Mestre”: o cultural, o educacional, o das ações sociais e o das práticas religiosas. Ambas as entidades buscam, também, realizar a integração das diversas tradições budistas no Brasil, participando de atividades conjuntas com outros templos, como as ocorridas nas comemorações do Vesak (aniversário de Buda).

Até hoje, o Templo Zu Lai tem sido considerado o maior templo budista da América do Sul.
Ao longo de seus primeiros onze anos de existência, o Zu Lai veio realizando um número cada vez maior de atividades com afluência de discípulos e simpatizantes cada vez maior, expandindo-se de tal maneira que já não comportava tantas pessoas que a ele afloravam. Recebe atualmente por volta de 4.000 visitantes nos finais de semana.

Os discípulos Shih Tze Lin, Liu Shie Lin e Hong Tsu Ho fizeram então o voto de construir um novo templo, contando com o esforço e a generosidade dos membros da entidade Blia do Brasil, Paraguai, Argentina, Chile, Taiwan, China Continental, Estados Unidos e de tantas outras pessoas de vários outros cantos do mundo, vindo para tal a adquirir outros lotes de terrenos vizinhos.

Em maio de 2000, foi lançada a pedra fundamental da construção da nova edificação que viria a ter 10 mil m2 de área construída, em uma área total de 150.000 m2. Seu projeto foi inspirado no estilo arquitetônico oriental dos palácios da Dinastia Tang, integrando a um só tempo aspectos da arquitetura ocidental moderna. Os trabalhos foram desenvolvidos em conjunto por arquitetos chineses, taiwaneses, japoneses e brasileiros e as obras foram concluídas em outubro de 2003, fazendo surgir, assim, a “Terra Pura” do Budismo Humanista na América do Sul.

Dentro dos mesmos princípios do Monastério Fo Guang Shan, o Templo Zu Lai procura propagar o Darma, desenvolvendo talentos, trazendo benefícios à sociedade e purificando corações e mentes por meio da atuação cultural e educacional, das ações sociais e das práticas religiosas.

Seguindo ainda o caminho apontado pelo Venerável Mestre Hsing Yün, o templo busca desenvolver estudos diversos que se aplicam à vida do dia a dia além de “nacionalizar” os ensinamentos do Buda respeitando os aspectos da cultura local que acolhe a sua doutrina tornando possível a realização de projetos como: cursos de filosofia budista, grupos de estudo e círculos de leitura sobre o Darma, criação do “Projeto Filhos de Buda” por meio da Fundação de mesmo nome e através de seu

Centro de Tradução que tem trabalhado na divulgação dos ensinamentos budistas em língua portuguesa.
Desde então, o Templo Zu Lai vem cumprindo sua missão em divulgar esses seus quatro pilares para solidificar e nacionalizar os princípios de um Budismo “Humanista” no Brasil.

E assim no dia 5 de outubro de 2003 o Venerável Mestre Hsing Yün retornou ao Brasil para então consagrar a nova edificação do Templo Zu Lai que em 27 de abril de 2012 comemorou seus vinte anos em solo brasileiro.

É hoje considerado um lugar perfeito para fugir da agitação da capital, encontrar paz e se transportar pra Ásia sem sair do Brasil, sendo a experiência de visitá-lo extremamente contemplativa e revigorante .Não é necessário ser budista e nem mesmo conhecer os ensinamentos do budismo para visitar o Templo Zu Lai, ele está aberto a todos que desejem contemplá-lo e se reconfortar com suas práticas.

O projeto do Templo Zu Lai foi desenvolvido em conjunto com arquitetos chineses, taiwaneses, japoneses e brasileiros, por isso apesar da sua arquitetura ser inspirada no estilo arquitetônico chinês tradicional na comunidade de Taiwan, o Templo Zu Lai é uma obra multicultural, que une o contemporâneo com o antigo.

A similaridade com os palácios da Dinastia Tang prevalece, contudo no Templo Zu Lai os ambientes são claros e leves, fugindo dos espaços escuros e sóbrios, prevalecendo a iluminação e ventilação natural, o templo se destaca pelo grande pátio, onde pavilhões de uso destintos estão ao redor, sendo formado pelo pavilhão do Templo e pelos pavilhões laterais do Oriente e do Ocidente.

A estrutura do Templo Zu Lai é de concreto e alvenaria com revestimento em pintura clara, os pavilhões possuem caixilhos de alumínio na entrada e os chamativos telhados são compostos de telhas esmaltadas que foram importadas do Taiwan. Reparem nas imagens da flor de lótus, que é a flor símbolo do budismo, decorando as estrutura arquitetônicas do Templo Zu Lai.

É impossível não notar a relação do Templo Zu Lai com a natureza, seja pela mata nativa, seus jardins ou o verde encontrado nos pavilhões, no Budismo a natureza faz parte do processo meditativo e sua concentração no Templo Zu Lai é repleta de significado, além de trazer uma energia de paz para quem visita.

O primeiro contato que o visitante têm com o Templo Zu Lai é a vegetação do seu espaço, com o jardim de bambus, seguido pelo relaxante jardim com lago que conta ainda com uma ponte oriental, que merece ser apreciado com calma, mesmo quando se encontra lotado, os pequenos espaços ajardinados segue pela escadaria que dá acesso ao templo, entre os pavilhões e até no pequeno playground para as crianças, admire cada um deles.

Comum aos templos budistas, no Templo Zu Lai se encontram diversas imagens de Buda em diferentes posições e tamanhos, se você quiser conhecer e diferenciar cada uma delas, faça uma rápida pesquisa antes de realizar a sua visita.

Destaque para a estátua de Buda feita de jade localizada na Sala do Grande Herói, a grande estátua de Buda no pavilhão superior, os Budas com com a cruz suástica (símbolo milenar com significado de sorte) no peito no jardim de bambus, o Buda Branco e as diversas estátuas menores de Buda na entrada do templo.

As estátuas dos 18 Arhats próximo a escadaria do Templo Zu Lai não passa despercebido, diferente de Buda que encontrou a iluminação por si mesmo, o Arhat atinge-a segundos os ensinamentos de outros, sendo o grau mais mais elevado de um discípulo do Buda. Antes da entrada do Templo Zu Lai a grande estátua do Buda Maitreya marca presença, sendo comum ser colocada na passagem de entrada dos templos.

Importante repararmos também na Fonte dos Desejos, em frente ao Jardim dos 18 Arhats, na qual pode-se jogar uma moeda e fazer um pedido, e nota-se ainda o Shishi, o leão guardião com poderes místicos que está localizado em frente a escadaria de acesso a sala do Grande Herói.

A visita no Templo Zu Lai se inicia pela passagem pelo jardim com lago e segue até chegar a primeira estátua do Buda Branco e a escadaria com o Jardim dos 18 Arhats, que permite acesso ao grande pátio do templo, a elevação do templo traz uma sensação de busca, pois desde o estacionamento se segue um caminho estrategicamente até encontra-lo.

Os pavilhões do Templo Zu Lai estão dispostos ao redor do pátio, e lá encontramos a Sala do Grande Herói, onde são realizadas as cerimônias subindo a escadaria no segundo andar, na parte inferior se encontra o modesto mais interessante Museu de Arte Budista, que possui painéis, esculturas, pinturas e relíquias do Buda e a Sala de Meditação que só é aberta ao público nos horários de meditação para quem for realizar a prática.

O Templo Zu Lai possui uma programação mais movimentada para o público nos domingos, e geralmente às 9h30 acontece a prática de Tai Chi, às 10h uma cerimônia, às 14h uma palestra e às 15h a meditação orientada. Também são realizadas algumas vezes “Cerimônias de Recitação Contemplativas” em português, e quando realizadas em mandarim são disponibilizados livretos com a tradução.

Importantes celebrações fazem parte do calendário do Templo Zu Lai, como a Celebração do Ano Novo e a Celebração do Vesak (Nascimento do Buda), nesses dias ocorrem diversas atividades e o templo recebe uma grande público.

De acordo com seu pilar educacional o Templo Zu Lai oferece cursos para o público interessado, na programação estão cursos de tai chi chuan, kung fu, meditação e estudos do budismo.

O Templo Zu Lai também realiza retiros durante todo o ano, que vão desde retiros de meditação de curta duração de 1 a 3 dias, a retiros de ordenação de 7 dias e retiros de intensivos sobre o budismo com duração de 30 dias, as inscrições podem ser feitas online e possuem um valor sugerido para contribuição, se está pensando em fazer um retiro acesse aqui a programação.

Zu Lai provém da tradução do chinês para o português, de um termo que significa “tathagata” (“aquele que assim foi/veio”). Precisamos lutar para não deixar cair por terra a imagem tão positiva e tão forte do ponto de vista cultural e de outras formas de se valorizar, esses importantes “monumentos” e verdadeiras “obras de arte” onde se realizam importantes manifestações culturais, espirituais e religiosas em nosso estado e sendo assim, peço aqui o apoio de meus nobres pares para aprovar este importante Projeto de lei.