5 sinais de alerta e mitos sobre o câncer de cabeça e pescoço

Afta e dor de dente podem ser sinais da doença

Uma ferida na boca que não sara ou uma dor de dente frequente que não passa. A voz cada vez mais rouca ou nódulo que surge e cresce no pescoço. Esses e outros sintomas podem ser sinais de um grupo de tumores conhecidos como câncer de cabeça e pescoço, que atinge as vias aerodigestivas superiores, como a boca, laringe, faringe e seios da face. O mês de julho é o período escolhido pela Organização Mundial da Saúde (OMS), nomeado de Julho Verde, para reforçar a conscientização e prevenção destas neoplasias na população.

De acordo com o Instituto Nacional do Câncer (INCA), o câncer de cavidade oral é o mais incidente no País, principalmente em homens, com 11.200 casos registrados. O câncer de laringe também é um dos tipos mais frequentes deste grupo de doenças. No Brasil, são esperados até 2020 mais de 7.600 casos.

A oncologista clínica Milena Mak, especialista em câncer de cabeça e pescoço da clínica OncoStar, falou sobre alguns mitos e sinais de alerta envolvendo essa doença

É só uma afta? Nem sempre

Existem diversos tipos de lesão que podem ocorrer na boca, língua e bochecha. No entanto, se o sintoma persiste, é indicado que procure um especialista, pois pode ser um dos sinais do câncer de cabeça e pescoço.

“Uma lesão inicial, como uma ferida na boca, pode ser confundida muitas vezes com uma simples afta, mas ela tende a piorar e não responder aos tratamentos comuns. Por isso, o paciente precisa procurar um médico quando perceber alguma lesão que não cicatriza”, explica a médica.

Dor de dente: fique atento

Ainda na região da boca, a dor de dente ou inflamação recorrente também deve ser analisada com atenção. O dentista é um profissional importante neste processo para sinalizar ao paciente quando ele deve buscar um médico para realizar exames específicos.

Rouquidão gradativa

Fumantes geralmente passam por processos inflamatórios que deixam a voz mais rouca. No entanto é preciso ficar alerta aos sinais de piora deste sintoma, pois também pode ser a sinalização de um câncer de laringe. Na dúvida, consulte um médico e evite o tabagismo.

Só fumantes têm câncer de cabeça ou pescoço? Mito

O fumo e a bebida alcoólica são fatores que potencializam o risco de câncer, principalmente na laringe. No entanto existem outros fatores que podem influenciar, como infecções por vírus.

“Qualquer pessoa pode desenvolver a doença, porém, ela é mais prevalente em homens, principalmente aqueles que consumem álcool e cigarro com frequência. Existe também a possibilidade de a doença surgir a partir da contaminação pelo HPV. Esse grupo representa de 8% a 10% dos pacientes de câncer na região da orofaringe”, comenta.

Feridas e tumores podem contaminar alguém? Mito

Os pacientes que possuem algum tipo de câncer de pescoço e cabeça comumente são vítimas de preconceito. Por isso é importante alertar: essas feridas e tumores não oferecem risco a ninguém.

“Esta é uma pergunta frequente dos pacientes e seus familiares. Alguns acham que devem evitar o contato físico, mas não há problema. Eles não oferecem risco algum de contaminação”, relata.

Prevenção e tratamento

De acordo com a oncologista Milena Mak, assim como ocorre com as demais neoplasias, quanto mais cedo o diagnóstico, maiores as chances de cura. Os tratamentos avançam a cada dia, principalmente com o auxílio da cirurgia robótica, tecnologia que auxilia na realização de procedimentos complexos de forma precisa, e técnicas mais modernas de radioterapia que diminuem os efeitos colaterais do tratamento. “As cirurgias têm ajudado a diminuir o uso da quimioterapia em alguns casos, sendo possível realizar somente a radioterapia após a cirurgia”, explica a médica.

Para a prevenção, o mais indicado é evitar o consumo de álcool e cigarro, responsáveis por criar inflamações nas vias áreas que podem se tornar tumores. A vacinação contra o HPV e também a higiene oral são essenciais para evitar a doença e outros problemas de saúde.

Sobre a oncologista Milena Mak

Milena Perez Mak é médica oncologista clínica do Oncostar e Hospital São Luiz Itaim – Rede D’Or. Graduada pela Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (FMUSP), pós-doutora pela The University of Texas MD Anderson Cancer Center, Thoracic/Head and Neck Medical Oncology. Médica Oncologista do Grupo de Oncologia Torácica e Câncer de Cabeça e Pescoço do Instituto do Câncer do Estado de São Paulo (Icesp) e Médica do Núcleo de Pesquisa do Icesp.