Ambientalistas discutem implantação do Polo de Ecoturismo em Cotia

O projeto do Polo de Ecoturismo de Cotia foi um dos temas da última reunião do Conselho de Meio Ambiente de Cotia, na segunda-feira (11).

Para o secretário de Meio Ambiente, Laércio Camargo, representa uma alternativa para salvar a Reserva do Morro Grande que vem sendo ameaçada pela caça e pesca predatória e ocupações habitacionais, industriais e comerciais inadequadas.

A ideia é fazer do local, em espaço delimitado, uma área de uso ecológico pela população, com a preservação do entorno e a geração de empregos diretos e indiretos voltados para o atendimento ao turista.

A criação do polo depende da transformação da Reserva em Parque Estadual, o que permitirá o uso público de uma pequena parte do território da reserva. O projeto prevê a abertura da área para visitas monitoradas, com passeios por trilhas já existentes no local e que não causarão degradação do meio ambiente. Um dos objetivos é preservar o entorno e gerar desenvolvimento com sustentabilidade.

O projeto de criação da reserva tem o monitoramento da Prefeitura de Cotia, Sabesp, Instituto Florestal, Fundação Florestal e a ONG Selva.

A estrutura prevista no projeto é grande. Algumas chácaras locais se tornariam pousadas e restaurantes. Um centro de estudos ambientais também fará parte do polo.

Os projetos arquitetônicos das pousadas terão que ser diferenciados e adaptados ao meio ambiente, criando assim um equilíbrio ambiental.

Laércio Camargo lembrou da importância do projeto, dizendo que “é a única saída para a preservação do local, sendo que, assim, a fiscalização contra a degradação da reserva seria intensificada, pelo pessoal operacional da Sabesp, Defesa Civil, Secretaria Municipal do Meio Ambiente e Polícia Ambiental”.

Além da mata, existe a preocupação com as águas das represas. A proibição da prática de esportes náuticos é defendida pelo secretário:
“A intenção é usar a reserva sem que as pessoas tenham contato com a água, para que não haja contaminação. A nossa água é a melhor do país e precisamos mantê-la assim. Essa região é área de segurança pública que não pode ser tocada”.

A área do entorno está preservada contra indústrias, condomínios e a especulação imobiliária. Indústrias e planos habitacionais não serão permitidos no Morro Grande, bairro que seria uma espécie de “sede” do projeto. Aliás, alguns dos imóveis do bairro que pertencem a Sabesp, e que foram no passado, moradias de funcionários da estatal, podem ser usados na infraestrutura do polo, para melhor atendimento ao turista.

Enquanto isso, a população de Cotia espera por um final feliz desse caso e que a preservação do seu “pulmão verde” seja a vontade e o objetivo de todos.

Floresta Negra

A Reserva Florestal de Cotia é considerada o pulmão da região oeste metropolitana de São Paulo. Corresponde a 1/3 do território do município e é rica em sua fauna e flora. Para se ter uma dimensão de seu tamanho, ela é pouco menor que Liechtenstein e quase o dobro de San Marino, países europeus. Dentro dela existem duas represas que abastecem 400 mil habitantes da região.

São 10 mil hectares de Mata Atlântica que funcionam como um filtro, limpando o nosso ar.

Nessa reserva, existe um ponto conhecido como Floresta Negra, constituída de cedros centenários e pinheiros que formam uma linda e diferente paisagem. Em alguns pontos da mata, a escuridão é quase total, por ser fechada de árvores e pela tonalidade escura das folhas. Florestas desse tipo só existem em Cotia, Gramado-RS e em Stuttgart, na Alemanha.

Aliás, a Floresta Negra da Alemanha ainda sofre os reflexos do acidente nuclear de Chernobyl, na Ucrânia, em 1986. Vegetação, cogumelos e porcos do mato estão altamente contaminados com o elemento radioativo Césio 137, gerando assim um enorme desequilíbrio ambiental e um alto risco de contaminação pelo povo local.

O que não acontece em Cotia, nossa Floresta Negra está mais viva do que nunca.