As verdades e mentiras sobre o Uber, o aplicativo de transporte de passageiros

Muito se tem falado ultimamente, sendo o assunto em voga, sobre a chegada do aplicativo Uber ao Brasil.

Estamos todos acompanhando o andamento dos casos de revolta da classe dos taxistas, reivindicando a ilegalidade no uso do aplicativo alegando, entre outras coisas, que a classe precisa de registro profissional e arca com altas taxas para poder, como eles mesmos dizem, bater lata.

O Cotia Agora conseguiu contato com um motorista do Uber ou, como eles se definem, parceiros, para descobrir e entender o outro lado da moeda.

De cara, precisamos entender como funciona o Uber. O aplicativo permite que pessoas possam contratar viagens entre si, com preços já ajustados de acordo com o destino, pelo próprio aplicativo. Nas palavras da própria empresa, a intenção é de proporcionar uma experiência única ao usuário, utilizando um carro de alto padrão, com um motorista particular. O Uber divide seus “motoristas” em duas categorias: UberX, com carros menores, mais populares e sem tantas exigências e o verdadeiro vilão da vez, o Uber Black, com carros maiores, pretos e com muito mais conforto.

Ao se cadastrar, o usuário do aplicativo precisa, necessariamente, incluir um cartão de crédito válido em seu perfil para poder acessar e solicitar um carro pelo Uber. Assim que solicitar uma viagem, o carro Uber que está mais próximo recebe um aviso de solicitação de viagem e o motorista tem 15 segundos para aceitar a chamada e, em caso positivo, dirige-se para o local.

Já com o passageiro dentro do carro, o parceiro Uber avisa ao aplicativo o início da viagem e, ao chegar ao seu destino, informa o seu término. Nesse momento, os dois, motorista e passageiro, recebem uma informação do aplicativo informando o valor total da viagem – que será debitado no cartão do passageiro e creditado, pela Uber, na conta corrente do motorista em até sete dias.

Não existe transação em dinheiro ou cartão diretamente entre motorista e passageiro. Outra informação importante, é que, tanto motoristas quanto passageiros, são convidados a avaliarem-se um ao outro, mantendo assim uma média de pontuação que, no caso dos motoristas, não pode estar abaixo da média de pontuação da cidade onde atua, sob o risco de descredenciamento. Outro ponto legal a se destacar, é que, nem motorista e nem passageiro sabem o telefone um do outro, mas, em caso de necessidade de contato, o próprio aplicativo faz a “ponte”, em uma ligação telefônica entre os dois, mantendo a privacidade de ambos.

Mas o que ninguém sabe até agora é o outro lado da moeda. É fácil tornar-se um motorista Uber?

A resposta é sim, mas trabalhoso.

Antes de tudo, o candidato a motorista do aplicativo precisa ter a informação “exerce atividade remunerada” anotada na sua CNH. Caso não tenha, será necessário solicitar uma segunda via do documento, com a devida anotação; isso acarretará em um custo da própria 2ª via, acrescido do custo de um exame psicotécnico.

O total das exigências para o motorista são:

– CNH com anotação “exerce atividade remunerada”.

– Atestado de antecedentes criminais da Polícia Federal.

– Atestado de antecedentes do Judiciário de São Paulo (SSP).

– Não possuir anotações em seu prontuário ou ter tido a habilitação suspensa.

– Veículo com documentação em dia e sem qualquer avaria.

E não para por aí, para a categoria Uber Black, são exigidos veículos Sedan ou SUV de porte médio a grande, com no máximo cinco anos de uso, pretos, completos (vidros elétricos, ar condicionado, direção hidráulica ou elétrica, travas automáticas), acrescido de bancos de couro, além da obrigatoriedade em se contratar um seguro APP no valor de R$ 50.000,00 por passageiro.

Para a outra categoria, UberX, as exigências com relação ao veículo são menores, podendo ser admitidos veículos até o ano de 2008.

Após todo esse trabalho, o candidato ainda é convidado a passar por uma capacitação no Uber que leva em torno de três horas, respondendo perguntas sobre o funcionamento da empresa, cerca de mais 150 testes psicológicos e ainda passar por uma entrevista com um psicólogo, já na fase final, antes da aprovação do parceiro.

Entre as recomendações estão o uso de terno e gravata pelos motoristas e pequenos cuidados como revistas semanais atualizadas, jornais, água, balas e cabo para carregamento de celular. Não é preciso explicar que palitinho no canto da boca é terminantemente proibido.

Nesse curso, são colocadas situações como esquecimento de objetos dentro do carro, passageiros acompanhados de animais ou no simples caso de furar um pneu e como proceder em cada caso.

Bom, a reportagem apurou que não existem quaisquer descontos em IPI ou IPVA e nem taxa de financiamento privilegiadas para os motoristas do Uber, que tem que arcar com todos os custos cheios, para poder trabalhar; o que não acontece com taxistas.

Na verdade, se olharmos a nossa volta, vemos que o mundo está mudando e tendo que se adaptar a novas situações. O aplicativo Uber, é uma tecnologia nova, que não está previsto em nosso quadro de leis.

Ele não é ilegal, só não é regulamentado ainda, assim como também não foram regulamentados no início, as próprias cooperativas de táxis e as vans de lotação, ambos também, exacerbadamente criticados e com campanhas negativas ferrenhas por parte da classe taxista.

Vendo esse quadro, e sabendo que estão sendo capacitados entre 50 e 70 futuros motoristas todos os dias pelo aplicativo, e com esse cuidado na seleção do pessoal que trabalha com a empresa, entendemos que esse novo mercado veio para ficar e nos resta esperar que a oferta possa fazer com que a qualidade do serviço melhore, trazendo mais conforto e segurança aos usuários.