Ateliê Casa Amarela, na Vila Madalena
Por Cláudio Magalhães (@cri.magalhaes)
Há uns dias, fui conhecer a Casa Amarela Ateliê, que fica situada entre a Vila Madalena e Pinheiros. A casa abriu suas portas para um dia de visitação e mostrar o que ela abriga, uma gama de artistas com as mais diversas influências e características, divididos em ambientes diversos e cada uma de suas dependências é um estúdio do grupo de artistas que ali trabalham. Apesar do dia chuvoso, o ambiente acolhedor nos mostra a vida de cada artista; fui recebido pela artista visual Milenna Saraiva, da Granja Viana e entre suas diversas obras, há uma coleção intitulada Memoir, que me chamou a atenção pelas cores neutras, um pouco diferente da pegada colorida que a artista traça, digo isso porque conheço alguns de seus trabalhos, e sua paleta de cores é bem diversificada.
Conforme você conhece o trabalho dos grupos de artistas, percebe o toque de cada (à noite, em casa, fui separar as fotos que tirei, mas como foi aleatório, criei uma pasta para cada grupo de artistas e consegui identificar qual quadro era de cada). Acredito que essa “assinatura” para artistas seja tão importante como é para um escritor, para um músico, você bate o olho num trabalho e sabe de quem é.
Uma coisa que precisa ser salientada, é que a minha resenha é sobre os trabalhos que vi expostos naquele dia, a arte de cada artista é mais do que algumas referências que escrevi.
Um outro quadro que me chamou a atenção, foi do artista Guilherme Asthma, um pássaro meio sombrio, que me remeteu à Edgar Allan Poe, mas era o único, porque ele trabalha com uma paleta de cores fortes e tem em seus trabalhos a fauna; os pássaros parecem encantar mais o artista. No mesmo ambiente, um outro quadro me chamou muito a atenção: “o passado presente no futuro” do artista Negritoo. Mostra a descendência negra que vem de ancestrais até chegar numa bebê, todas com suas vestimentas de época, em seu tempo e o detalhe de cada uma mexendo nos cabelos da pessoa abaixo. E esta é a linha do artista, mostrar através de sua arte, seus ancestrais.
Katrin Beaty tem suas ideias nas flores e na alma, seu trabalho se baseia na vida, e seus quadros florescem as telas; em uma visita a sua página no Instagram, vi um projeto muito bacana chamado “Me Leva Pra Casa”, ela faz uma gravura, coloca num envelope plástico e prega com fita adesiva em algum ponto da cidade, quem gostar, leva para casa, ganha uma obra da artista.
Shay Marias é a artista da sala ao lado, senti em suas obras, a exposição da falta de liberdade, as gaiolas prendem, além dos pássaros, os seres humanos, que ela retrata de uma forma desconexa, você precisa ficar observando os detalhes para entender a forma mostrada, a “trama” dos corpos nus entrelaçados das mulheres, uma união de vários caminhos dentro de corpos que se tornam apenas uma arte.
Quando me referi a identificar o trabalho de uma artista, na verdade, me referi ao trabalho da Mariê Balbinot, impressionante como sua marca tem identificação, o formato dos rostos, a expressão que ela coloca nas gravuras, nas telas, nas fachadas… O empoderamento feminino, essa é a sua marca, a expressão de suas “personagens” fala por si e ela pinta por essas mulheres.
As ilustrações da artista Aline Fraga me remete à Pop Art e suas figuras com diversas ideias dentro de uma mesma imagem, as cores se sobressaem com alegria e faz divisa com complementos num mesmo plano. Como se os seres humanos e seus objetos encaixassem perfeitamente num mesmo plano.
Voltando um pouco no tempo, o primeiro estúdio que entrei ao chegar, virando à esquerda no hall, foi a da Marcela Pires, tatuadora, e havia na parede algumas amostras para serem tatuadas, afora seu trabalho com cerâmica, murais, tecidos… Suas tatuagens são muito diferenciadas, ela, literalmente, usa a pele como uma tela.
Em algum momento, como sempre, em relação à arte, sua cabeça explode e tenta entender o óbvio, havia uma jaqueta em um “meio manequim” com cristais pendurados, e acredito, alguma coisa bordada à mão em tons brilhantes. Trata-se do estilista Eliseu Almeida e ao visitar sua página do Instagram, ele se envolve de talentos, numa criatividade fora dos padrões e das mesmices.
Finalizando a tarde, após uma rápida degustação de um delicioso licor de café no stand da @cachaçariaituana e o tempo ainda estar fechado, o trabalho da artista Luana Lins aqueceu, por alguns de seus trabalhos ser de tapeçaria, lã, cortinas, colagens; tudo muito bem encaixado nas ideias e execução da artista que trabalha com diversos tipos de linguagem em sua arte.
Uma última informação, que ao visitar as páginas de cada artista, notei a diversidade das linguagens, seja artes criadas em telas, nas laterais de prédios, fachadas, muros, artes visuais… Um luxo.
Para conhecer seus trabalhos no Instagram:
@casa_amarela_atelie
@milennasart
@guilherme_asthma
@ngritoo
@katrynbeatyart
@shaymarias
@mariebalbinot
@alinefragaseelig
@marteart
@eliseualmeida
@luanalins












