Clube de boxe de Cotia luta para reviver os dias de glória

O Clube de Boxe de Cotia, também conhecido como Academia de Boxe de Cotia, foi fundado em 1960 por Benedito dos Santos, popularmente conhecido como Santista.

Santista, através do boxe, ensinou durante muitos anos a arte deste esporte.

Muitos garotos que poderiam ter seguido o caminho das drogas e da marginalidade, foram abraçados e amparados por Santista, que através da prática do esporte, conseguiu formar atletas e cidadãos.

Durante mais de 40 anos dedicados ao esporte e a academia, Santista viu passar por ali, muitos meninos que sonhavam em se tornar um grande pugilista.

No início, a academia ficava no antigo DEMA, que era um depósito da prefeitura, onde hoje se encontra a sede dos bombeiros, depois foi para a antiga Praça da Matriz, mudou-se para o antigo ginásio de esportes e depois de alguns anos, voltaria para a Praça.

Ficava na parte de baixo da praça, na esquina das ruas 10 de Janeiro e Yolando Savioli.

Nos últimos tempos a academia passou por dificuldades e falta de apoio da prefeitura e o local acabou abandonado.

Santista morreu no dia 31 de dezembro do ano passado e com ele o sonho da reabertura da academia e do clube de boxe.

A Esperança

Incentivado por muitos amigos e pelo trabalho e história do pai, o filho mais velho de Santista, Ricardo, conhecido como Pardal, está com um projeto de reabertura do Clube de Boxe de Cotia.

No início, achou que seria difícil conseguir apoio das pessoas, mas a partir do momento que conversou com algumas pessoas e autoridades da cidade, sentiu que seria o momento de criar o projeto e hoje ele corre atrás de assinaturas no abaixo-assinado que criou.

Em três dias, conseguiu mil assinaturas e por onde passava, as pessoas apoiavam a causa e se dispunham a fazer outras folhas de papel para serem assinadas.

Comerciantes antigos e que conheciam Santista, expressaram total apoio ao projeto, colocando seus estabelecimentos à disposição para a captação de assinaturas.

Ricardo conversou com o Secretário Adjunto de Esportes, Nadinho, que expressou seu apoio e disse que sua secretaria fará de tudo para a reabertura acontecer. O prefeito Carlão Camargo disse a Ricardo que a prefeitura apoiará as obras de reforma do local.

“Acredito que meu pai me deixou essa missão, de dar continuidade à sua história dentro do esporte. Pessoas que nem conheciam meu pai, mas sabiam da academia, estão me apoiando nessa empreitada. Isso não pode morrer, vou lutar para que muitos jovens não caiam no caminho do crime e das drogas, mas sim no caminho do esporte”, disse Ricardo Pardal.

As aulas de boxe seriam dadas por professores da Federação Paulista de Pugilismo, que sempre esteve ao lado de Santista, em diversos torneios realizados por ele.

O local precisa de algumas reformas e a expectativa é de que no início de agosto, possa ser reinaugurado, continuando esta história de amor ao esporte.

Quem foi Santista

Ele possuía inúmeros títulos, diplomas e certificados, fez de tudo um pouco na vida. Sua história está intimamente ligada à da própria cidade. Veio para Cotia com dez anos, em 1950. No início, organizava corridas, depois, inaugurou a academia de boxe.

Para fazer a preparação física, saia correndo com os alunos pelas ruas da cidade.

Participou de muitas lutas pela TV Gazeta. Além de lutador e organizador, ele era juiz, jurado e treinador de campeões. Como boxeador, ganhou inúmeros títulos, entre eles o de vice-campeão paulista e campeão paranaense, categoria peso-médio.

Santista emprestava luvas, amarrava sacos de areia para treinar, pedia doações para algumas pessoas, tudo isso para manter o vivo o esporte. Pagou do próprio bolso muitas vezes, os materiais de treinamento.

Santista foi durante vinte e cinco anos, fotógrafo de casamentos. Levava os filmes para serem revelados em Pinheiros, já que na época a revelação de filmes era muito complexa e não existia em Cotia.

Muitos se lembram do Santista chefe e fundador do Grupo de Escoteiros de Cotia, que fundou em 1960. Entre os escoteiros que passaram pelo grupo, alguns conhecidos nos dias de hoje, como o ex-prefeito Quinzinho Pedroso, os irmãos Hélio e Álvaro Pedroso, dos Supermercados Pedroso, e até o popular Fenemê.

O grupo de escoteiros surgiu da necessidade de tirar as crianças da rua. Os acampamentos eram no Cemucam, Pedreira de Itapevi, Reserva Florestal de Cotia e outros locais próximos à natureza. O grupo teve a maior tropa de escoteiros do Estado de São Paulo.

Santista ficou alguns dias internado em um hospital com problemas de saúde e morreu no final de dezembro de 2008.