Coceira é sintoma de alergia e causa de 40% da procura por veterinários

Parasitas, alimentação e fatores do ambiente podem desencadear doença. Diagnóstico é feito por exclusão e tratamento é para a vida toda.

Alergia é uma doença que não acomete só humanos: os animais de estimação também podem sofrer com a doença. A informação é da veterinária e dermatóloga Juliana Caltabellotta Gomes Morad. Ela afirma que todos os animais podem ser acometidos por alergias. “As ocorrências são muito frequentes e tem aumentado. Alimentação, erro de manejo e genética são fatores que desencadeiam a doença”, afirma.

Os sintomas variam, mas um dos principais é a coceira alta, segundo a especialista. Uma pesquisa realizada em julho deste ano por uma empresa que trabalha com saúde animal revelou que 40% dos cães que vão ao veterinário são afligidos por coceira. O levantamento, que foi realizado com 400 veterinários de todo Brasil, revelou ainda que 85% dos profissionais tem notado aumento no número de tutores em busca de especialistas em doenças de pele.

E a coceira foi um dos sintomas que a Nina, cadela da estudante Bruna Cristina Dias, de Sorocaba, apresentou há seis anos. Mau cheiro e pelo oleoso foram outros sintomas que a estudante notou no animal. “Ela emagreceu muito porque não tinha fome. A coceira incomodava bastante! E ela também ficava afastada de todo mudo, porque o odor que ela tinha era insuportável. Dava desespero ver a Nina nesse estado”, conta Bruna.

A veterinária Juliana explica que existem três tipos de alergias que podem afetar cães e gatos: por parasitas (pulgas e carrapatos), alimentar ou dermatite atópica, que é causada por fatores do ambiente, como pó e ácaro. Esta última é a que acomete Nina, a pet de Bruna. O diagnóstico demorou a ser feito, segundo a estudante.

“Há seis anos a Nina apresentou os primeiros sintomas. Desde então, levei ela em vários veterinários e eles faziam tratamentos que só amenizavam a doença temporariamente, mas ela sempre voltava e ficava pior. Gastei cerca de R$ 6 mil nesses anos”, relata a estudante.

A especialista explica que são feitos exames para descartar outras doenças. O diagnóstico final do tipo de alergia que afeta o animal é feito por exclusão. Bruna comenta que, para descartar a alergia alimentar, Nina fez uma dieta de 40 dias. “Ela só pôde comer carne de coelho, arroz integral e azeite de oliva extra virgem durante esse tempo. Como a alergia continuou, chegou-se a conclusão de que a causa da alergia não era alimentar.”

Tratamento
Depois do correto diagnóstico da causa da doença, a pet de Bruna mudou de vida. “Ela já tem 16 anos e, por isso, tem alguns problemas por causa da idade. Mas a qualidade de vida dela melhorou muito desde o começo do tratamento, que foi há um ano. Ela recuperou os cinco quilos que havia perdido e a pele está ótima”, afirma.

“O tratamento consiste em reconstituir barreira cutânea e controlar inflamações com medicamentos seguros e sem corticoide, que é prejudicial ao animal. O tratamento é para a vida toda e o correto manejo desse animal deve ser feito sempre”, explica a veterinária Juliana.

Atualmente, Bruna tem cuidados redobrados com Nina. “Ela toma um medicamento manipulado, que custa R$ 85 e dura dois meses, usa um shampoo medicamentoso que custa R$ 128 e dura quatro meses e só faz poda com tesoura, que custa R$ 100 por mês. E a cada quatro meses ela faz exames para verificar se o medicamento não está afetando alguma coisa em seu organismo”. Mas a estudante afirma que todo o cuidado vale a pena. “Eu sinto que a Nina é grata por tudo que fiz. A qualidade de vida dela é outra! Se eu tivesse que fazer tudo de novo, faria.”

Do G1