Psicóloga Regiane Campos: Tristeza, Depressão ou Frescura?

Hoje vou tratar de uma emoção muito dolorosa que ninguém gosta de sentir: a tristeza, mas como ainda não foi inventado um jeito para deixar de vivê-la, vamos conhecer, aprender a passar por ela da melhor forma e ainda, quando possível, aproveitar seu lado B.

Tristeza, emoção que nos deixa mais introspectivos, quietos e criativos!

Não é que quando ela aparece dá até vontade de passar despercebido pelas pessoas e situações? Pois é, ela surge geralmente quando tivemos uma perda: de alguém, de um emprego, de um amor enfim; de algo que era muito importante para nós.

Você sabia que o período médio de um processo de tristeza gira em torno de 2 meses? Depois deste tempo a pessoa vai retomando sua vida aos poucos. Embora se você lembrar de uma situação triste que viveu, a sensação que pode ter tido é que ela nunca ia acabar, pois tristeza mobiliza dor e sofrimento.

A neurologia explica que ao ficarmos mais quietos e reflexivos voltarmos o pensamento para nós, com isso saímos do ritmo frenético que costumamos viver e acionamos áreas criativas do nosso cérebro que podem nos ajudar a produzir coisas novas. Pois é, este é o Lado B da tristeza!

Mas e quando ela não passa? Quando começa a ir e vir ou quando surgem outros sentimentos como: indiferença, falta de perspectiva ou desesperança? Aí é hora de se atentar para que a tristeza não se torne uma depressão.

Não consigo ser feliz o tempo todo? O que faço com a tristeza? Me revolto ou aceito

Cruzar com a tristeza nem sempre é uma escolha, pois a vida tem seus momentos de insatisfação que geralmente acontecem, quando temos adversidades, nos deparamos com nossa fragilidade, somos frustrados (pois é comum criar expectativas sobre coisas e pessoas), recebemos um “não” da vida ou perdemos o controle de algo. É importante também saber, que mesmo quando temos a prática de alimentar sentimentos positivos esta emoção será vivida, por todos nós, em algum momento da nossa vida.

Ao se deparar com a tristeza surgem 2 caminhos. O 1º é a Aceitação, quando reconhecemos que estamos tristes, que esta emoção também faz parte da vida e, sendo “uma parte, não o todo”, temos a certeza de que um dia vai passar. Que mesmo sendo assustador, pensar que viveremos a tristeza, ainda assim conseguimos perceber que existiram partes boas em nossa vida e que podemos voltar a vivê-las.

Por isso quando falei sobre a emoção alegria comentei o quanto é importante cultivar as pequenas alegrias diárias, pois elas ficam presentes em nossa memória e nos ajudam a passar pelos momentos tristes.
O 2º caminho é a revolta, nele não somos capazes de viver outras emoções e não conseguimos identificar as melhoras, por menores que tenham sido.

É importante também saber que, nem sempre temos a possibilidade de escolher qual caminho vamos seguir, pois simplesmente sentimos. Por isso julgar o outro ou nós mesmos sobre o porquê não saímos da situação, com certeza não é a melhor decisão!

Como identifico quando é tristeza e quando é depressão?

Costumo dizer para meus clientes que a dor de quando se está com depressão ou quando se está triste é a mesma. O que diferencia uma da outra, é poder identificar o motivo que nos deixou triste pois, na depressão tudo nos entristece.
A intensidade e a quantidade de vezes que estou me sentindo triste é outro ponto a ser visto. Por exemplo, se hoje estou me sentindo um pouco menos ou mais triste do que me sentia há 2 semanas atrás. Assim como, se a quantidade de vezes que estou triste esta semana aumentou ou diminuiu em relação há 1 mês atrás.

E por último, se consigo ou não me lembrar das emoções positivas que já vivi e ter a esperança de voltar a vivê-las, mesmo que de formas diferentes.

Alguns sintomas da depressão são percebidos no corpo como insônia, despertar precoce, sonolência, falta ou aumento de apetite, dores em todo o corpo, falta de libido ou de disposição para fazer as atividades que gosta e até compromissos como por exemplo não conseguir ir trabalhar, cansaço, falta de energia (pessoas com depressão costumam relatar que seu corpo fica mais pesado).

Como a depressão tem relação com questões hormonais, ela se manifesta também em pensamentos como: “Deixei de fazer algo que gostava muito.”, “Não quero sair de casa, pois não vejo mais graça em nada, não quero ver pessoas.” Alguns clientes relatam que chegam a recusar convites que até iam fazer bem e dizem: “Todos os meus dias parecem nublados, sinto tristeza mesmo naqueles dias em que eu poderia ter ficado feliz pois tinha visita em casa.”, “Não tenho mais perspectiva na vida.”, “Acho que as pessoas não gostam de mim.” , “Choro sem motivo específico.”, “Não sirvo para fazer nada.”, ”Não gosto de me ver no espelho.”, “Sinto muita culpa por não conseguem decidir nada.”

Como posso buscar ajuda para a depressão

Em primeiro lugar é preciso ter claro que a depressão é uma doença não é mau humor, stress, preguiça ou falta de motivação por isso, julgamentos não vão ajudar.

Assim como é importante saber que, na depressão vários sintomas aparecem misturados, por isso eu e outra pessoa que conheço podemos ter depressão com sintomas diferentes, por que cada um é de um jeito e funciona de forma única, além do que ninguém sabe de verdade o que passa na cabeça e no coração de quem está passando por um processo depressivo.

Outra coisa muito importante que ninguém gosta de falar são os pensamentos recorrentes. Pessoas com depressão relatam que pensam até em tirar a própria vida. Se você conhece ou já ouviu alguém dizer isto, lembre-se que a nossa natureza é de viver, mas às vezes a dor está tão forte que o que a pessoa quer de verdade não é tirar a sua vida, mas sim tirar a sua dor.

Por isso um profissional da saúde é tão importante para identificar e tratar adequadamente a situação. A pessoa com estes sintomas precisa agendar com um médico clinico geral, psiquiatra ou psicólogo. O psicólogo é muito bom para ouvir, ajudar a pensar sobre o que está sentindo e dizer se é importante procurar um médico para fazer um tratamento à base d remédios.

Finalizando, vejo que muitas vezes a família não tem condições de ajudar sozinha e os amigos geralmente não tem a clareza necessária sobre quais encaminhamentos são necessários. A depressão tem jeito sim; para isso é preciso procurar tratamento adequado, desenvolver habilidades que ajudarão a caminhar, mesmo quando tudo está triste dentro da gente lá fora a vida continua. Simples? Nunca. Possível? Sempre.

*Regiane Campos – CRP 06/58579 – Psicóloga Clínica e Consultora Executiva, escreve quinzenalmente no Jornal Cotia Agora – Telefone: 9-9003-3346
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