Coluna de Lucio Cândido Rosa: Os milagres na visão Espírita

O Espiritismo concorda com a ciência acadêmica, quando diz que o fenômeno dos milagres não existe.
O milagre, para muitas pessoas, é algo ou fato que escapa à razão humana, limitado como é.
São chamados de fatos fantásticos ou sobrenaturais.
No entanto, a ciência espírita afirma que a Natureza obedece às Leis Naturais, instituídas por Deus, e a nossa função é descobri-las e, agir sobre elas para que o fenômeno desejado aconteça.
Os milagres do Evangelho não tinham sido explicados até então, porque a ciência daquela época, não tinha elementos para atendê-los ou foram mal interpretados.
A ciência espírita, que estuda a parte dos fenômenos mediúnicos, acredita que tanto as manifestações quanto os milagres, acontecem como reflexo das Leis Naturais ordenadas por Deus.
Assim, o Espiritismo acredita que eles acontecem, utilizando o lado espiritual da criação refletindo sobre a matéria.
Ela chegou a essa conclusão porque, além dos cinco sentidos, faz uso também da mediunidade, aplicando métodos necessários para a comprovação dos fatos.
Sendo Deus perfeito em suas leis, fica difícil para nós humanos acreditar que em determinados momentos, Ele beneficia uns em detrimento de outros, que continuam sofrendo. Se aceitarmos isso como verdadeiro, vamos concluir que Ele é passível de erros e comete injustiças.
Pelos ensinamentos da doutrina, a Lei de Causa e Efeito que é uma Lei Natural, deverá estar de acordo com a nossa sintonia.
Segundo esses preceitos, entenderemos que nossa crença nos milagres não está correta, e passamos a compreender que tudo é natural.
Historicamente, sempre precisamos sentira dor ou presenciar fenômenos para acreditar em Deus, acreditar em nós mesmos, e nas forças sobrenaturais (para nós) do Universo.
Foi assim, que os povos primitivos faziam oferendas às Divindades, nas quais acreditavam, barganhando algum favorecimento.
Com o passar do tempo, deuses mitológicos foram criados, e seguindo esse raciocínio, retribuíam como sacrifícios, principalmente de animais como forma de agradecer ou solicitar novos benefícios.
Muitos séculos se passaram, até chegar chegarmos à crença em um Deus único, Criador de tudo e de todos, promovendo milagres ainda de forma exterior, muitas vezes cobrando benefícios também.
O que muitos não entendem é que o milagre da vida, que consiste em nossa evolução, somente irá acontecer através de sua transformação moral.
Mas, como explicar esses chamados “milagres”, na visão Espírita?
Por exemplo: nas curas, o fluido chamado magnético (que é próprio do médium), é transmitido para a pessoa doente, em forma de doação ou transfusão de energia, atinge o períspirito (que é o corpo espiritual), através do qual, o doente é harmonizado pelos seus centros de força (chakras) que estão em desequilíbrio.
As aparições de Espíritos, tidas como milagres, nada mais são do que as materializações deles. O espírito absorve ectoplasma do médium, um tipo de fluido que ele usa para se materializar e se fazer visível.
Sendo assim, concluímos que o Anjo Gabriel, para se fazer visível, no momento da “Anunciação”, deva ter absorvido o ectoplasma de Maria, para se fazer visível a ela.
Situação diferente ocorreu na primeira aparição de Jesus, na condição de Espírito, à Madalena. Naquele exato momento ela o estava vendo por um processo mediúnico, chamado “Dupla Vista”, e provavelmente foi por isso que Ele lhe disse: – “Não me toques, pois não estou pronto”.
Porém, em Sua segunda aparição em Espírito, aos discípulos e a Tomé, (também chamada de milagre) seguiu às Leis Naturais da materialização, onde seu corpo espiritual se fez tangível, a ponto de Tomé poder tocar em suas chagas, para ter certeza de que era Ele.
Dentre as manifestações do perispírito, tidas como sobrenatural e até pouco tempo inexplicáveis, temos os fenômenos mediúnicos da “Bilocação” e da “Bicorporiedade”, que é a condição de estar em dois lugares ao mesmo tempo, como aconteceu com Santo Antônio de Pádua, que estava proferindo um culto religioso e, ao mesmo tempo seu corpo espiritual, se materializava em outro local, no julgamento de seu pai, para ajudar a inocentá-lo. Situação essa, que naquele momento não tinha nenhuma explicação. Hoje, porém, muito bem esclarecidas pela Doutrina dos Espíritos.
Na verdade, esses fenômenos espirituais, revelam a existência, a sobrevivência e a manifestação da alma em sua individualidade. Tudo isso apoiado nas propriedades do fluido perispiritual, que nesses casos constituem o agente magnético.
Por outro lado, a natureza de Jesus era tão grande e pouco conhecida por nós, como um Espírito iluminado que era, que o colocava acima da humanidade.
Entendendo que Ele encarnou em uma missão especialíssima, agindo como médium nas curas que operava (não da forma que conhecemos, como se fosse um médium comum), Jesus não precisava ser auxiliado espiritualmente, por Sua Grandeza Moral e Espiritual, pois era Ele quem assistia aos outros.
Foi chamado “Médium de Deus”, mas com muita humildade, gostaria de corrigir, Ele era “médium das Leis de Deus”, recebendo e atendendo diretamente Suas determinações.
Há uma infinidade de milagres descritos na Bíblia, que atualmente são explicados pela ciência comum e pela ciência espírita.
Haroldo Dutra Dias, um dos grandes divulgadores do espiritismo no Brasil, diz: – Nada é sobrenatural! Tudo é Natural nesta existência!
E, nós ainda teremos milhares de encarnações para compreender que tudo é natural, como Jesus, que é detentor de todo conhecimento científico, manipulando moléculas, transformou água em Vinho!
Muita Paz a todos!

* Lucio Cândido Rosa escreve quinzenalmente sobre espiritismo e espiritualidade no Jornal Cotia Agora. Quer enviar sugestão de algum tema para que ele aborde? Envie para o email [email protected]