Coluna de Manoel Lopes: Cidades sem carros que poluem

A revista ECF – European Cyclists’ Federation – publicou recentemente um Novo estudo: Mais de 200.000 mortes prematuras poderiam ser evitadas a cada ano com mais ciclismo.

Imaginemos um mundo onde o carro, aquele símbolo de liberdade e mobilidade, simplesmente desaparecesse das ruas. O que aconteceria? O que seria das nossas cidades, dos nossos trajetos diários, dos nossos hábitos enraizados? As ruas, antes dominadas pelo som de motores e buzinas, se tornariam mais silenciosas. O cheiro do combustível seria substituído por um frescor de ar limpo, e a poluição, que hoje sufoca tantas cidades, seria uma lembrança distante. A saúde respiratória das pessoas melhoraria drasticamente, como se, de repente, tivéssemos dado um alívio aos nossos pulmões e ao planeta.

Com a ausência do carro, as cidades se transformariam. As vias, largas e asfaltadas para os veículos, seriam tomados por ciclovias, calçadas mais largas, praças e parques. O que antes eram grandes avenidas e estacionamentos intermináveis, agora poderiam ser espaços de convivência, onde as crianças correriam sem medo, onde as pessoas poderiam andar e conversar sem o barulho constante do tráfego. Os prédios poderiam se alinhar mais próximos das calçadas, e a vida urbana passaria a ser mais voltada para quem realmente está nela: as pessoas.

Sem carros, a mobilidade mudaria completamente de figura. Os ônibus e trens se tornariam o coração pulsante das cidades, rápidos, seguros, eficientes. E as bicicletas, ah, as bicicletas, elas se tornariam a estrela do transporte urbano. Todos teriam a opção de se mover de forma saudável e sustentável, economizando o tempo que antes era gasto preso em engarrafamentos, aproveitando o ar fresco e o movimento constante, quase como um pequeno ato de rebeldia contra a pressa de sempre. E quem não quisesse pedalar, poderia contar com alternativas como patinetes elétricos ou até carros sob demanda, esses novos “carros” compartilhados que passariam a existir não mais como objetos de posse, mas como serviços rápidos e acessíveis.

Claro, a economia também sofreria um grande impacto. O setor automobilístico, com sua gigantesca cadeia de produção e consumo, precisaria se reinventar. Os postos de gasolina, uma vez lotados de carros em busca de combustível, seriam substituídos por postos de carregamento para bicicletas e carros elétricos compartilhados. O dinheiro que hoje é gasto em infraestrutura de estradas e estacionamentos poderia ser investido em projetos mais humanos: escolas, hospitais, espaços públicos. A cidade seria menos preocupada com a chegada e a partida de veículos e mais focada na qualidade de vida de seus habitantes.

As ruas mais tranquilas também significariam mais segurança. Menos acidentes, menos mortes, menos famílias marcadas por tragédias no trânsito. As crianças, antes limitadas ao quintal de casa, poderiam brincar nas ruas com mais liberdade, e as pessoas, mais velhas ou com mobilidade reduzida, poderiam se deslocar sem medo. A vida urbana seria mais segura, mais acessível, mais humana. Não seria mais sobre a pressa de chegar de um lugar para o outro, mas sobre o prazer de estar no caminho, de perceber a cidade com outros olhos.

Mas, ao mesmo tempo, essa revolução implicaria em novos desafios. As pessoas precisariam aprender a se mover de outra forma. O conceito de “liberdade” que sempre esteve ligado ao carro passaria a ter um outro significado. A liberdade seria a de escolher como se deslocar, sem a necessidade de um veículo próprio, mas com a certeza de que todos teriam acesso a opções de transporte sustentável e acessível.

Nesse novo mundo, as cidades seriam mais verdes, mais silenciosas, mais inclusivas. Um mundo sem carros nos faria repensar o que realmente importa: a velocidade com que chegamos aos lugares ou o que fazemos enquanto estamos no caminho? Talvez, com menos pressa, tivéssemos mais tempo para observar, para respirar, para viver.

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Bora pedalar!!!!

Manoel Lopes
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