Coluna de Marcos Martinez (Professor Marcão): Um Outro Olhar

Venha comigo: a Igreja Nossa Senhora do Monte Serrate, o Sítio do Padre Inácio e o Sítio do Mandu são arquiteturas coloniais dos séculos XVII e XVIII que contam um pedaço da história de Cotia. Um pedaço histórico vivo inserido em um contexto maior, internacional do Movimento de Expansão Mercantil – movimento de expansão comercial que se deu durante o século XV. Imagine Cotia surgindo naquela época.

A freguesia de Cotia não estava isolada do mundo: essa exposição dos objetos dos povos originários (índios) e pretos revela um outro lado da história. Revela que, para acumular riqueza na freguesia de Cotia, se utilizou mão de obra escrava indígena e preta. A relação entre colonizador e colonizado em Cotia não foi tão amistosa; os índios Guarani-Carijós que aqui habitavam resistiram bravamente contra a escravidão.

Venha visitar a Igreja Nossa Senhora do Monte Serrate comigo: o altar; os santos representados pelas irmandades religiosas (entre as quais, as irmandades dos Pretos); porta de entrada; o cemitério dentro da igreja e fora dela; antes dos bancos, no chão batido, rezava-se de pé. Pense comigo: quem construiu esse monumento arquitetônico cheio de significados que enche os nossos olhos?
Viaje comigo para aquele tempo e aguce sua imaginação. Os mandatários cederam o terreno e a matéria-prima, só não colocaram a mão na massa. Para levantar as paredes e dar forma a Taipa de Pilão foi utilizada mão de obra escrava; índios e pretos socaram e levantaram paredes, trabalharam na plantação do trigo – economia predominante –, apesar da economia de subsistência. Foram eles quem deram vida à Igreja Nossa Senhora do Monte Serrate.

*Marcos Martinez é escritor e formado em História; atuou na Secretaria da Educação de Cotia de 2000 a 2008. Atualmente presta trabalho na Fundação Gentil, na elaboração e implantação de projetos educacionais para o ensino fundamental. Escreveu os livros Memória & imagem e Hospital de Cotia: um símbolo. Escreve mensalmente no Jornal Cotia Agora.