Coluna de Rafael Oliveira: Jethro Tull, a essência do estilo nórdico

Lançado em 2023, RökFlöte é o 23º álbum de estúdio da banda emprestada britânica Jethro Tull. Com mais de cinco décadas de carreira, o grupo liderado por Ian Anderson retorna a seu som característico de rock progressivo e folk, centrado na flauta de Anderson. Em RökFlöte, o Jethro Tull oferece um álbum inspirado na mitologia nórdica, especialmente nas figuras de deuses e seres mitológicos do panteão escandinavo. O título do álbum tem as palavras “Rök”, que significa “destino” ou “sorte” no antigo nórdico, e “Flöte”, referência direta à flauta de Anderson, ou som assinatura da banda.

Este álbum é um estilo musical único da banda, com riffs e melodias complexas, e letras que exploram temas profundos e místicos. Anderson revisita o auge criativo da banda, com um equilíbrio entre melodias épicas, solos intrincados e uma estrutura narrativa que leva o ouvinte a uma jornada mitológica. O álbum é uma experiência que combina musicalidade virtuosa com uma rica atmosfera de fantasia e folclore, evocando sons tanto do rock progressivo quanto da música medieval e folk.

“Voluspo” a faixa de abertura é inspirada na profetisa Volva, que tem papel central na mitologia nórdica, especialmente no poema Völuspá, da Edda Poética . “Voluspo” começa com uma introdução de flauta suave, que logo evolui para um instrumental épico com guitarras e teclados. A faixa prepara o ouvinte para a jornada mitológica que o álbum oferece, com letras que falam sobre visões e presságios do futuro. Uma mistura de elementos folk e progressivos cria uma atmosfera etérea e misteriosa.

“Ginnungagap” explora o conceito do vazio primordial na mitologia nórdica. Com um riff marcante e uma batida intensa, a música evoca a sensação de vastidão e poder, transportando o ouvinte ao início dos tempos. A flauta de Anderson é o destaque aqui, contrastando com a base rítmica pesada e criando uma tensão que se mantém ao longo da faixa. É uma canção cativante que captura o conceito de caos e criação.

“Allfather” esta faixa é uma ode a Odin, o pai de todos os deuses nórdicos. Anderson apresenta Odin como um ser complexo, com atributos tanto de sabedoria quanto de destruição. A música tem um ritmo compassado e misterioso, e as letras destacam o papel de Odin como um buscador de conhecimento. A flauta e os teclados criam uma textura quase hipnótica, refletindo o lado enigmático e introspectivo de Odin.

“The Feathered Consort” aqui, a banda explora a figura de deusa Frigg, consorte de Odin. Com uma melodia suave e encantadora, a faixa traz uma abordagem mais folk. A flauta de Anderson complementa os acordes de guitarra e cria uma atmosfera de serenidade e beleza. Liricamente, a canção trata de amor, proteção e as complexas relações familiares dos deuses nórdicos, enquanto musicalmente oferece um contraste agradável com as faixas mais intensas do álbum.

“Hammer on Hammer” é dedicado ao deus Thor, conhecido por sua força e pelo famoso martelo, Mjölnir. A faixa tem uma energia mais vigorosa e riffs fortes, refletindo o caráter de Thor. Com uma batida pulsante e um refrão poderoso, a música transmite uma sensação de força e bravura, enquanto Anderson intercala solos de flauta que contrastam e equilibram o peso da guitarra. É uma das faixas mais energéticas do álbum.

“Wolf Unchained” esta faixa aborda Fenrir, o lobo monstruoso da mitologia nórdica que, segundo as lendas, é destinada a trazer destruição. Com um tom sombrio e riffs pesados, a música captura a ferocidade e o perigo associado a Fenrir. A estrutura da faixa é intensa, e o uso de ritmos irregulares e mudanças de dinâmica refletem o tema do caos e do descontrole. A flauta de Anderson adiciona um elemento selvagem e imprevisível à música, reforçando a sensação de ameaça.

“The Perfect One” inspirada em Balder, o deus da luz e da hold, esta faixa é mais leve e melódica. A canção tem um tom mais suave e nostálgico, com letras que destacam as qualidades de pureza e inocência de Balder. A flauta e os teclados criam uma melodia límpida e radiante, capturando o lado sereno e positivo da mitologia nórdica. É uma faixa que contrasta bem com as canções mais sombrias, trazendo um momento de calmaria ao álbum.

“Trickster (And the Mistletoe)” esta faixa explora a figura de Loki, o deus trapaceiro. Com um ritmo alegre e imprevisível, “Trickster (And the Mistletoe)” é uma peça que reflete a personalidade astuta e brincalhona de Loki. A música apresenta mudanças rápidas de ritmo e alternância entre passagens de flauta e guitarra, criando um clima de desordem controlada. As letras fazem referência ao papel de Loki no evento que leva à morte de Balder, e a composição evoca a sensação de intriga e engano.

“Cornucopia” inspirada em Freyja, a deusa da fertilidade e da guerra, esta faixa mistura elementos de força e beleza. A música tem uma estrutura melódica e harmônica mais complexa, com flautas que evocam tanto a abundância quanto a força. A letra reflete a dualidade de Freyja, celebrando sua beleza e seu poder. É uma canção com camadas de significado, e o arranjo intricadamente trabalhado cria uma experiência auditiva rica.

“The Navigators” presta homenagem aos vikings e sua habilidade em navegação e exploração. Com um ritmo animado e uma melodia otimista, esta faixa lembra uma canção de aventura. Anderson utiliza uma flauta para evocar a imagem das éguas e das expedições vikings, e o refrão cativante traz um senso de descoberta e liberdade. A música se destaca como uma celebração do espírito explorador da cultura nórdica.

“Guardian’s Watch” inspirada nos deuses guardiões, esta faixa é mais reflexiva e contemplativa. Com uma melodia suave e repetitiva, a música cria uma sensação de paz e proteção. Anderson usa a flauta e os vocais para transmitir uma atmosfera de serenidade, e as letras enfatizam o papel dos guardiões na proteção dos reinos. É uma faixa que traz um sentimento de equilíbrio e serenidade ao álbum.

“Ithavoll” a última faixa do álbum, “Ithavoll”, representa a ideia de renovação e renascimento na mitologia nórdica, após os eventos do Ragnarök. Com um tom esperançoso e uma melodia inspirada, a faixa encerra RökFlöte com uma mensagem de ajuda e novos começos. A flauta de Anderson se destaca, criando uma melodia lírica que captura a sensação de recomeço. É um encerramento perfeito para o álbum, deixando o ouvinte com uma sensação de paz e contemplação.

“Hammer on Hammer” é uma das mais aclamadas. Inspirada na figura mitológica de Thor e seu martelo Mjölnir, a canção combina riffs pesados ​​e a energia do rock com a flauta distintiva de Ian Anderson, capturando o espírito guerreiro e dinâmico que muitos associam ao som clássico de Jethro Tull.

A faixa equilibra poder e melodia com maestria, e seu ritmo envolvente faz dela um ponto alto tanto na narrativa mitológica do álbum quanto na experiência sonora. Eu escolho para fazer parte da setlist do Programa Garimpo da Rádio Meteleco – https://meteleco.net – semanalmente exibido às 16hs de segundas as sextas-feiras.
RökFlöte é um álbum que convida o ouvinte a uma viagem mitológica através da rica sonoridade de Jethro Tull. Cada faixa oferece uma experiência única, onde a banda explora aspectos diferentes do panteão nórdico, mantendo a coesão e a narrativa ao longo do disco. O uso extensivo da flauta, marca registrada de Ian Anderson, mistura-se perfeitamente aos riffs de guitarra e arranjos orquestrais, criando uma sonoridade épica e envolvente.

Para fãs de longa data e novos ouvintes, RökFlöte é uma celebração tanto do legado de Jethro Tull quanto do poder duradouro das lendas e mitos antigos.

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*Rafael S. de Oliveira – Mórmon/SUD – Com oficio de Elder, Diretor de Assuntos Públicos e Especialista de Bem Estar, membro da Igreja de Jesus Cristo dos Santos dos Últimos Dias. Vice-Presidente – O Observatório: Associação de Controle Social e Políticas Públicas da Zona Oeste de SP (mandato 2020-2023). Técnico em Políticas Públicas pelo PSDB (Partido da Social Democracia do Brasil), Engenheiro de Produção e ex-gestor por 3 grandes empresas (Luft Logistics, IGO SP e TCI BPO). Apresentador e Produtor pela Rádio Meteleco.Net (Programa Garimpo) e Colunista no Jornal Cotia Agora (Caderno de Música, Discos, Experiencias e Cultura).