Coluna espírita de Lucio Cândido Rosa: Anjos e demônios existem?

Antes de entramos no assunto anjos e demônios, procuremos entender o sentido de céu e inferno.
No antigo testamento, os homens tinham uma noção muito restrita de céu e inferno.
Norteavam seus pensamentos de acordo com sua situação de vida. Se seu rebanho aumentava, e sua plantação produzia muito, era sinal que Deus se agradava de suas condutas, e eles se sentiam no céu. Se fosse o contrário, seria um verdadeiro inferno.

No Novo testamento, com o Evangelho de Jesus, a ideia de céu e inferno começou a se concretizar.
Aqueles que praticavam o mal, estavam condenados ao fogo do inferno para todo sempre, sob o domínio do demônio, e, aos bons seria destinado o Reino dos Céus, ao lado do Divino Criador.
Pode-se compreender a palavra céu, de três formas:
– A primeira, como espaço que circunda o nosso planeta Terra;
– A segunda, como as moradas celestes de condições mais elevadas;
– E terceiro, como a paz interior, conforme o Mestre Jesus asseverou: – “Bem-aventurados os aflitos, porque deles é o Reino dos Céus”. Isso quando, na medida do possível, esses aflitos procuram viver bem, mesmo diante do sofrimento.

Há momentos em nossa vida, que estamos bem, isso quando nossa morada interior está assentada na paz de Espírito ou de consciência.
Era certeza que, aquele que não optou pela prática do bem, após a morte seria condenado ao fogo do inferno, ou seja, um lugar de suplício nas profundezas da Terra.
A Bíblia cita que Jesus desceu aos infernos. Essa citação, define infernos, como lugares baixos do planeta, para tirar as almas do sofrimento, tanto físico como espiritual.

Por outro lado, quando estamos perambulando pela vida, envolvidos numa série de conflitos, é o mesmo que viver num inferno interior, causado pela nossa má conduta.
A ideia de céu, inferno, purgatório, ficou mais clara, após a publicação do livro “Divina Comédia”, de Dante Alighieri, que em desdobramento, visitou esses locais e transcreveu em sua obra.
Sócrates e Platão precursores de Jesus, há mais ou menos 400 a.C., diziam que Deus não se comunicava diretamente com os homens. Haviam mensageiros, designados como daimôns.

Daimôn, é uma palavra grega, que significa gênio, inteligência e, empregada para designar seres incorpóreos bons e maus sem distinção.
A princípio, os anjos seriam seres privilegiados da criação, destinados à felicidade suprema e eterna desde a sua criação, dotadas por sua própria natureza, de todas as virtudes e conhecimento, sem nada terem feito para conquistá-los.

Estariam no primeiro plano da criação e, no último, nós, a humanidade inteira, formada de uma alma puramente materialista.
A palavra anjo, revela geralmente, a ideia de perfeição moral; entretanto, aplica-se frequentemente, a todos os seres bons e maus, que estão fora da humanidade. Diz-se anjo bom ou anjo mau, anjo da luz ou anjo das trevas.
O que precisa ser entendido, é que sejam quem forem, não são seres privilegiados da criação. Percorreram todos os graus da escala espírita, aceitando suas missões, tentando chegar mais depressa à condição em que se encontram.
O importante é ficar sabendo, que nosso mundo não existe de toda a eternidade. Que existiram outros antes do nosso, moradas de Espíritos que já haviam atingido um patamar superior mais rapidamente, e outros que ainda demorariam um tempo mais ou menos longo, até atingirem a perfeição.

Pensamos que Jesus, teria sido foi criado perfeito. Mas, Ele também já galgou vários patamares. Foi o idealizador e criador do planeta Terra, juntamente com outros Engenheiros Siderais. E, se nosso planeta tem bilhões de anos, o Mestre tem outros bilhões a mais. Foi criado simples e ignorante, quanto aos demais Espíritos, mas com perseverança e determinação, chegou ao nível de sabedoria e entendimento que precisava alcançar.
É considerado o Espírito mais amoroso da Galáxia, e admirado por todos.
Chegamos à conclusão que, no sentido da palavra demônio, se ele existisse, não seria obra de Deus. Ele não poderia ser tão perfeito, como entendemos se houvesse criado seres devotados ao mal.

São hipócritas aqueles que creem num Deus justo e bom, e noutro mau, vingativo.
Essa crença nos induz a tirar a responsabilidade de nossos erros.
Alguns partidários da doutrina dos demônios, apoiam-se nas palavras do Cristo, quando dizia: – Afasta-te de mim satanás (quando para Ele significava, espírito demoníaco ou ainda dúvida cruel).

Esses dizeres do Evangelho, e muitos outros, não podem ser tomados ao pé da letra, pelas traduções, ou pelo sentido dado, quando repassado de um idioma para outro.

E, Jesus Cristo, não poderia fazer, conscientemente, uma citação falsa. Assim, suas palavras, que parecem chocar a razão, acontecem porque não a compreendemos o foram mal interpretadas.
O Céu como Paraíso Eterno, o Inferno, como um lugar destinado às pessoas que praticaram o mal, e as palavras, anjos e demônios, tiveram sua época de reinado, inclusive como incentivo para só se praticar o bem e evitar o mal.
São denominações esclarecidas pela Doutrina dos Espíritos, como Espíritos elevados ou não, e o inferno ou umbral, destinado a espíritos que precisam livrar-se de suas imperfeições.

Nem anjos, nem demônios. Somos apenas seres imperfeitos, necessitando de evolução.
Tornamos a repetir: – fomos criados simples e ignorantes e, através dos milênios, buscamos a evolução, esse progresso espiritual, que nos levará à angelitude.
Temos a eternidade pela frente, para galgar a escala celeste, até tornarmo-nos
Espíritos Puros, e aproximarmo-nos de Nosso Criador.
Muita paz!

* Lucio Cândido Rosa escreve quinzenalmente sobre espiritismo e espiritualidade no Jornal Cotia Agora. Quer enviar sugestão de algum tema para que ele aborde? Envie para o email [email protected]