Reviravolta aponta que PM não matou 4 entregadores de pizza em Carapicuíba

Polícia Civil teria omitido informações quando o policial foi preso como o autor da chacina em Carapicuíba

As investigações envolvendo a chacina que deixou quatro mortos em 19 de setembro do ano passado, em Carapicuíba, podem sofrer uma reviravolta.

Uma reportagem publicada na edição de segunda-feira (2) no jornal Folha de São Paulo, questiona a versão apresentada pela Secretaria Estadual de Segurança Pública para o caso – a de uma vingança, por parte de um policial militar, após os quatro adolescentes terem assaltado sua esposa.

A publicação teve acesso a documentos que mostram que a polícia já sabia que o quarteto não estava envolvido nesse roubo quando a versão oficial foi apresentada. O policial militar chegou a ser preso, acusado dos assassinatos, mas depois foi liberado.

A versão da vingança foi apresentada pelo secretário de Segurança Pública, Alexandre de Moraes, cinco dias após o crime. Ele disse, na época, que o policial militar Douglas Gomes Medeiros, preso naquele momento, havia matado os jovens após identificá-los como os autores do roubo a sua mulher, dias antes.

A principal prova, pela versão oficial, era que a bolsa da vítima, encontrada na casa de um dos jovens mortos. Porém, segundo reportagem da Folha, documentos revelam que nada disso ocorreu. A bolsa da mulher do PM foi encontrada a mais de quatro quilômetros da Rua Dallas, local onde os jovens moravam e com pessoas sem ligação com as vítimas.

Além disso, foi localizada no dia 11 de setembro, ou seja, oito dias antes da chacina, durante uma operação policial, em meio a drogas, arma e uma moto roubada. Um adolescente apreendido na ação disse aos policiais que a bolsa havia sido roubada por dois conhecidos, chamados ‘Matheus’ e ‘Júnior’. No entanto, ainda segundo a matéria da Folha, tanto o adolescente apreendido no local onde a bolsa da mulher do PM foi encontrada, como o menor identificado como Matheus, disseram que nunca tinham visto as vítimas da chacina.

O problema é que a Polícia Civil teria omitido essas informações quando o policial foi preso como o autor da chacina. Só assim foi possível sustentar a versão de que o PM matara os adolescentes, que eram entregadores de pizza, como vingança.

Com o avanço do processo, essas informações vieram à tona e, somadas a contradições de testemunhas, levaram o Ministério Público a concluir que as provas eram insuficientes para manter as acusações contra o policial. Além disso, o PM apresentou um álibi: uma vizinha diz ter ouvido a voz dele e da esposa no mesmo momento da chacina. Com isso, a Justiça determinou a liberação do policial. Até agora as investigações desconhecem quem matou os quatro entregadores de pizza, duvidam se a esposa do PM realmente tenha sido assaltada e chegam à conclusão de que o PM também não matou os jovens.

Do Webdiario