Passarelas da Raposo Tavares no trecho de Cotia não tem acessibilidade

As passarelas da Raposo Tavares, no trecho administrado pelo DER, estão causando um grande incômodo para os portadores de deficiência física.

O vilão da história é o chamado “Anti-moto”, aquelas barras de ferro usadas para evitar que motoqueiros imprudentes atravessem as passarelas, colocando em risco quem anda por elas.

A reclamação de quem precisa atravessar a passarela com cadeira de rodas é de que o espaço entre as três barras é estreito e dependendo do tipo e tamanho da cadeira, ela pode enroscar.

Nossa reportagem esteve em algumas passarelas medindo o espaço entre as barras e há diferenças de centímetros de uma para outra. A entrada do bloqueio varia entre 90 a 95 cm, enquanto a parte interna varia entre 85 a 89 cm.

Uma cadeira de rodas das mais modernas mede entre 80 a 85 cm. Já as mais velhas, podem ultrapassar os 90 cm, o que faria com que ela se enroscasse em algumas barras. Mas ainda há a questão da manobra que se faz para atravessar o anti-moto, o que em muitos casos, o cadeirante acaba não tendo ângulo.

As passarelas da Viaoeste são ainda menores. Medimos a que fica na entrada do Jardim Adelina, no Km 34,5 da Raposo e constatamos que a entrada do bloqueio tem 80 cm e o lado interno 87. Com certeza ela impede uma moto de passar, mas um cadeirante com certeza ficaria enroscado nas barras. No trecho pertencente à Cotia, de administração da concessionária, existem apenas três passarelas, entre os kms 34,2 ao 39,5.

Fomos fazer um teste na passarela que fica próxima ao Cotolengo, no km 25,5 da Raposo, com o Presidente do CMDDPcD (Conselho Municipal de Defesa do Direito da Pessoa com Deficiência), Paulo Generoso.
A cadeira dele passou, mas em alguns momentos, ele tem que apoiar as mãos nas barras, para poder manobrar com mais segurança. Segundo ele, é preciso ter 1,5 m² para realizar a manobra, mas a maioria não tem esta metragem.

As passarelas da Raposo foram reformadas e todas receberam rampas e algumas ainda tiveram suas escadas mantidas. As novas foram construídas sem escadas.

Conselho pediu a retirada dos anti-motos

Segundo Paulo, em janeiro ele encaminhou um ofício para o DER pedindo a retirada dos anti-moto, já que foram feitas várias reclamações ao Conselho, por parte de cadeirantes usuários das passarelas.
Um engenheiro do DER disse que por causa dessas reclamações, encaminharia o pedido de remoção das barras e garantiu que elas seriam retiradas.

“Não precisaria ser instalado o anti-moto se o motociclista respeitasse a lei e quem circula pelas passarelas”, disse Paulo.
O DER alega que o bloqueio impede a moto de passar e até de fugir de uma perseguição policial, por exemplo, já que ficaria fácil para um motoqueiro de má conduta, embrenhar fuga por uma passarela.

Acessibilidade em Cotia ainda é precária, mas algo já mudou

Paulo Generoso disse que a preocupação com a acessibilidade em Cotia ainda é pouca, mas algo já foi feito. Ele destaca que as vagas de estacionamento para deficientes são suficientes tanto no centro, como em Caucaia e Granja Viana. A Secretaria de Transportes e Trânsito criou várias vagas nos últimos meses, mas infelizmente alguns motoristas desrespeitam a lei e estacionam seus carros irregularmente.

Os grandes comércios, como os supermercados, dispõem de inúmeras vagas. O Banco Santander inovou, e além da vaga, instalou um mini elevador, já que há uma diferença de pouco mais de um metro entre a vaga de estacionamento e o piso principal da agência. As agências bancárias que tem porta giratória se adaptaram à lei e colocaram uma porta exclusiva aos cadeirantes.

A vaga existente em frente ao Bradesco é um tanto perigosa. Como a rua é estreita, o motorista ao abrir a porta do veículo, corre o risco de algum outro veículo colidir com ela.

Todos os bancos construíram banheiros adaptados. Até o Mercadão municipal reformou seus banheiros e adaptou-os às necessidades especiais. A nova baia de ônibus do Mercadão também será adaptada.

“Está havendo boa vontade da Prefeitura em fazer as adaptações necessárias em Cotia, mas o grande problema da cidade é sua topografia, com muitos aclives e declives, mas ressalto que a população tem que cobrar das autoridades, mesmo quem não é portador de necessidades especiais, tem que haver uma mudança de comportamento das pessoas”, comentou Paulo.

Mas ainda há locais onde a acessibilidade é prejudicada. A Prefeitura fez adaptações em algumas calçadas do centro da cidade, mas há um ponto, próximo ao cemitério, que o cadeirante atravessa a rua, mas ao subir na calçada do próprio cemitério, se seguir para a direita, dá de encontro com um poste e à esquerda tem a pilastra do pontilhão da Praça Joaquim Nunes.

A Praça Japonesa é outro ponto de Cotia que o deficiente encontra dificuldades. Não há guia rebaixada, vaga para estacionar e o piso não é adequado.

Tanto os prédios velhos como os novos, não tiveram o mínimo de preocupação em adaptar-se à lei. Paulo conta que precisou resolver um assunto em um prédio no centro de Cotia, mas era no 2º andar. Lá não há elevador e nem rampas de acesso. Teve que ser atendido na calçada.
Elevador é um artigo de luxo na cidade. O único prédio que tem um em operação e aberto ao público é o da Secretaria de Educação. O Bradesco tinha um, mas foi desativado. Se o cadeirante estacionar seu carro no estacionamento do subsolo da agência, terá que subir a ladeira ao lado para poder entrar no banco.

Secretário diz que agentes devem multar quem usa vaga irregularmente

O secretário de Transportes e Trânsito, Cláudio Olores, disse recentemente ao Jornal Cotia Agora, que a população de Cotia não respeita as vagas para deficientes e idosos, seja na rua ou em comércios, como os supermercados da cidade. Com relação às vagas nas ruas, orientou os agentes de trânsito para que, ao constatar que as vagas estão sendo ocupadas por pessoas não compatíveis (idosos e deficientes), seja lavrada a multa imediatamente.