Psicóloga Adriana Biem fala “Sobre sentimentos” em sua coluna

Quando comecei a pensar em escrever sobre esse tema, logo lembrei uma frase de uma amiga, poeta, Barbara Leite, que fala assim: “Se você é capaz de sentir, deve ser capaz de dizer”. E que capacidade tem os poetas de resumir algo tão complexo em apenas uma frase.

Fiquei com vontade de escrever sobre esse tema, devido a grande quantidade de pessoas que conheço que passam uma vida sem conseguirem dizer o que sentem, sem poderem expressar qualquer sentimento e que com isso, acabam perdendo grandes oportunidades, principalmente no amor, que é o setor onde mais precisamos saber nos expressar.

Quantos relacionamentos que já vi não indo para frente por conta dessa imensa dificuldade. É difícil se expor, é difícil levar um não, é difícil a possibilidade de se entregar e depois dar errado, é difícil falar sobre algo que nem conhecemos tão bem. Sei de tudo isso, e sei que esses e mais outros tantos motivos, levam as pessoas a criarem defesas e resistências em relação ao que sentem.

Muitas vezes não é somente o fato de não dizer ao outro o que sente, mas também mentir para si mesmo em relação a esse sentimento. Aquele clássico “dar de ombros”, quando o outro não corresponde ao que queremos, como se não ligássemos para isso, mas, ao mesmo tempo se acabar de chorar quando vemos esse outro com alguém. É aquela sensação de que para você nada dá certo, que os outros todos conseguem namorar e serem felizes, e ter a absoluta certeza que na sua vida, as pessoas só passam, e nunca ficam. Você é sempre o cupido, e nunca a(o) namorada(o).

Vale lembrar aqui, que todo mundo gosta de carinho, todo mundo se sente bem quando percebe que o outro se importa com você. Todo mundo curte se sentir querido e especial. Sem exageros, sem pegar no pé, sem assustar o outro demonstrando alguma possessividade, mas sim falando o que está no nosso coração, falar do sentimento que nos arrepia os pelos e nos causa borboletas no estômago. Se ainda não é capaz de dizer, demonstre; às vezes os gestos são mais grandiosos do que as palavras, mas quando conseguir, fale também, grite ao mundo e divida esse sentimento.

Não confunda amor-próprio com orgulho. Amor-próprio nós devemos ter depois de tentarmos, depois que está clara a não reciprocidade de sentimento do outro, já o orgulho, é quando nem tentamos por medo de parecer ridículos, por medo de nos despirmos por não querer dar o braço a torcer, por medo de nos expormos.

E tão ou mais importante do que falar, é conhecer sobre seus sentimentos. Se analise, se descubra e fique mais íntimo do que sente. Entenda que aquele pedaço é parte integrante do seu ser. Abrimo-nos mais fácil com alguém que temos intimidade, não é mesmo? Tenha intimidade com o que sente e descubra esse outro mundo que há em você. Seja íntimo de você mesmo!

*Adriana Biem é psicóloga e escreve quinzenalmente no Jornal Cotia Agora – Telefone: 9-9495-2141 – adrianabiempsicologa.com.brEmail: [email protected]