Psicóloga Adriana Biem: Será que somente o amor basta para uma relação dar certo?

A maioria das pessoas que estão em relacionamentos que não andam bem, costuma justificar a sua permanência por ali com a seguinte frase: “Mas eu gosto dele (a)”. Será que somente isso sustenta um relacionamento?

O amor é importante e essencial em qualquer relação. Somente quando sentimos amor pelas pessoas é que conseguimos dar e ter suporte para determinadas situações. O amor deve existir, deve estar lá, mas não deve caminhar sozinho. O amor tem companheiros fundamentais na sua longa e intensa jornada.

Difícil uma relação sobreviver de forma saudável somente por um único motivo, seja ele amor, dinheiro, carinho ou comodidade. O que sustenta uma relação é um conjunto de características que torna possível relacionar-se com o outro, o crescimento mútuo que essa relação proporciona, a capacidade de respeitar as diferenças, o reconhecimento dos valores do outro, a diferenciação dos anseios de cada um, competência para dialogar, admiração, planos de vida semelhantes, prioridades de vida, apoio emocional, entre outras coisas.

Quando depositamos tudo somente no amor, deixamos de avaliar o potencial todo que a relação poderia ter ou até mesmo o mal que aquele relacionamento nos trás. Acabamos por aceitar cenas de violência, ciúme extremo e proibições, justificando-as como o “jeito de amar do outro” e nos submetemos a relações que o próprio amor não aprovaria.

E é aqui que entra outra questão, que são as crenças que carregamos sobre o amor e o que é amar.

Historicamente somos baseados em um amor romântico, no qual tem-se a ilusão de que viver para o outro é o que basta, é o que se busca. Esperamos todos os dias aquele amor de filme com final feliz e esquecemos que os relacionamentos amorosos são um constante exercício de convivência. Boa vontade só não basta, é preciso dedicação.

Como podemos então avaliar o nosso relacionamento? Em um primeiro momento, deve-se ter consciência de como aquela relação faz você se sentir. Leve, fortalecido, com uma boa autoestima ou angustiado, ansioso e sempre insatisfeito?

Partindo disso é preciso avaliar se esses problemas são trazidos por você mesmo (pense se era igual em outros relacionamentos) ou pela dinâmica que foi desenvolvida pelo relacionamento atual. É importante pensar assim, porque acabamos trazendo muitas questões de relacionamentos anteriores e ironicamente transformando o atual em tudo o que não queríamos. A responsabilidade não é só do amor e a culpa não é só dos relacionamentos ou dos companheiros. É importante olharmos para nós e percebermos o quanto contribuímos para a evolução ou fracasso de nossa relação.

Dê ao amor a função que cabe a ele, mas não esqueça que esse é somente o começo. Não responsabilize o amor pelas suas decepções, não pare de acreditar nele por culpa de sua falta de habilidades em se relacionar.

Conclusão: O amor importa, mas não basta!

*Adriana Cardoso BiemPsicóloga Clínica, especialista em Gestalt-Terapia, escreve quinzenalmente no Jornal Cotia Agora. Formada pela Universidade São Marcos, especialista pelo Instituto Sedes Sapientiae. Atende em Alphaville (Barueri/SP) e Granja Viana (Cotia/SP) –CRP 06/80681  – Contatos: [email protected] –  www.facebook.com/adrianabiempsicologa – @adrianabiempsi (Instagram)